sexta-feira, 30 de abril de 2010

O ROMANCE (DO BRASIL) DA COPA DO MUNDO–4

Bronze e borracha na Copa de 1938

Foi a primeira grande participação brasileira numa Copa do Mundo. O time ficou em terceiro lugar, mostrando ao mundo a categoria do “Homem Borracha”, o atacante Leônidas da Silva (foto/E), também chamado de “Diamante Negro”, principal goleador do certame promovido pelos franceses, com oito gols.
  Daquela vez, o Brasil foi o único representante sul-americano. Argentinos e uruguaios, simplesmente, não se interessaram em atravessar o Atlântico. Os primeiros até chegaram a se inscreverem, tardiamente. Depois, desistiram. Já os orgulhosos ingleses, como sempre, não se inscreveram. Adulados, pelos organizadores, disseram que, possivelmente, iriam. Mais tarde, informaram que pensariam melhor. E terminaram não indo, preferindo se dedicarem às suas competições domésticas – outra seleção européia que não participou, mesmo classificada, em eliminatórias, foi a da Áustria, porque, em 12 de abril daquele 1938, o país ficara sem representações política e esportiva, devido a sua anexação, pelos alemães
   Alemanha, Bélgica, Brasil, Cuba, Holanda, Hungria, Índias Holandesas (Curaçao), Noruega, Polônia, Romênia, Suécia e Suíça, França (promotora) e Itália (último campeão), foram os participantes da Copa-38. A abertura, em 4 de junho, teve alemães e suíços ficando no 1 x 1, no estádio de Colombes, em Paris. Como os jogos das oitavas prosseguiam eliminatórios, os empates geraram jogos extras com placares inesperados, casos de Suíça 4 x 2 Alemanha e de Cuba 2 x 1 Romênia.
 Quase todos os compromissos das oitavas foram dificílimos. A Itália (foto), por exemplo, só despachou a Noruega, por 2 x 1, na prorrogação – nas quartas, tirou a França, com 3 x 1, em Colombes. Pelos mesmos apertos passados pelos italianos, na primeira fase, passaram os tchecos-eslovacos, que mandaram 3 x 0 nos holandeses, no tempo extra. Moleza só quem teve foi o time sueco, classificado às quartas, devido a ausência dos austríacos. Na fase seguinte, sapecou 8 x 0 nos cubanos. Enquanto isso, sem ajudas, e contando com a categoria do centroavante Sarosi, a Hungria foi impiedosa. Durante a sua rota rumo à final mandou 6 x 0 sobre Curaçao, 2 x 0 frente à Suíça e 5 x 1 em cima da Suécia, nas semifinais.
BRASILEIROS – A nossa equipe, também, precisou de minutos suplementares para eliminar adversários. Em 5 de junho, 6 x 5, sobre os poloneses, nas oitavas. Em 12 de junho, em Bordeaux, mais dureza: 1 x 1, com a Tcheco-Eslováquia. E não teve prorrogação que desse jeito no placar. Dois dias depois, os dois times já estavam em campo, novamente. Domingos da Guia e Romeu brilharam e os brasileiros venceram, por 2 x 1, chegando às semifinais, para encarar os italianos.

Diante da “Azurra” (foto), o Brasil sofreu o primeiro gol, marcado por Colausi, aos 10 minutos do primeiro tempo. O time era elogiado pela sua habilidade e plasticidade, mas criticado pela pouca agressividade, apresentada quando não deveria. Num lance sem bola na área, Domingos agrediu Meazza. O árbitro suíço Hans Wüttrich viu e assinalou pênalti. Meazza cobrou e fez 2 x 0. Romeu ainda marcou um gol brasileiro, mas a Itália foi para a final, contra os húngaros, que haviam marcado 13 e sofrido apenas um gol, até então. E sagraram-se bicampeões mundiais, com a vitória, por 4 x 2. Ao Brasil, restou vencer a Suécia, 4 x 2, e voltar com a terceira colocação.
FORMAÇÕES – Em 5 de junho, no Estádio de La Meinau, em Estrasburgo, sob as vistas de 13.882 pessoas e com arbitragem do sueco Ivan Eklind, nos 6 x 5 na Polônia, o time foi: Batatais, Domingos da Guia e Machado; Zezé Procópio, Martim Silveira e Afonsinho; Lopes, Romeu, Leônidas da Silva, Perácio e Hércules. Os gols foram de: Leônidas, aos 18; Romeu, aos 25, e Perácio, aos 44 minutos do primeiro tempo; Perácio, aos 27 da segunda etapa, e Leônidas, aos 3 e aos 12 minutos da prorrogação.
Em 12 de junho, no 1 x 1, com a Tcheco-Eslováquia, no Estádio Municipal de Bordeaux, com 14 mil presentes e arbitragem do húngaro Paul Hertzka, a seleção alinhou: Wálter, Domingos da Guia e Machado; Zezé Procópio, Martim Silveira e Afonsinho; Lopes, Romeu, Leônidas da Silva, Perácio e Hércules. O gol foi marcado por Leônidas, aos 30 minutos do primeiro tempo.
Em 14 de junho, no desempate, 2 x 1, sobre a mesma Tcheco-Elováquia, de virada, novamente em Bordeaux, com arbitragem do francês Georges Capdeville e público de 15 mil presentes, esta foi a escalação: Walter, Jaú e Nariz; Brito, Brandão e Argemiro; Roberto, Luisinho, Leônidas da Silva, Tim e Patesko. Goledores: Leônidas, aos 11, e Roberto, aos 18 minutos do segundo tempo.
Em 16 de junho, contra a Itália, assistida por 35 mil espectadores, no Estádio Velodrome, em Marselha, com arbitragem do suíço Hans Wütrich, a equipe foi: Walter, Domingos da Guia e Machado; Zezé Procópio, Martim Silveira e Afonsinho; Lopes, Luisinho, Romeu, Perácio e Patesko. O gol foi de Romeu, aos 42 minutos do segundo tempo.
Em 19 de junho, no 4 x 2 que valeu o terceiro lugar, contra a Suécia, novamente, em Bordeaux, com 15 assistentes e arbitragem do belga John Langenus, a despedida da Copa de 38 foi com: Walter, Domingos da Guia (foto) e Machado; Zezé Procópio, Martim Silveira e Afonsinho; Roberto, Romeu, Leônidas, Perácio e Patesko. Gols marcados por: Romeu, ao 43 minutos do primeiro tempo; Leônidas, aos 18 e aos 28, e Perácio, aos 35 da etapa complementar.
TODOS OS RESULTADOS - Suíça 1 x 1 Alemanha; Cuba 3 x 3 Romênia; Tcheco-Eslováquia 3 x 0 Holanda; França 3 x 1 Bélgica; Hungria 6 x 0 Antilhas Holandesas; Brasil 6 x 5 Polônia; Itália 2 x 1 Noruega; Suíça 4 x 2 Alemanha; Cuba 2 x 1 Romênia; Itália 3 x 1 França; Suécia 8 x 0 Cuba; Hungria 2 x 0 Suiça; Brasil 1 x 1 Tcheco-Eslováquia; Brasil 2 x 1 Tcheco-Eslováquia; Hungria 5 x 1 Suécia; Itália 2 x 1 Brasil; Brasil 4 x 2 Suécia e Itália 4 x 2 Hungria. CLASSIFICAÇÃO FINAL: 1 – Itália (foto); 2 – Hungria; 3 – BRASIL; 4 – Suécia; 5 – Tcheco-Eslováquia; 6 – Suíça; 7 – Cuba; 8 – França; 9 – Romênia; 10 – Alemanha; 11 – Polônia; 12 – Noruega; 13 – Bélgica; 14 – Holanda; 15 – Antilhas Holandesas.

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