quarta-feira, 25 de novembro de 2009

NOVEMBRO DE 1963: SANTOS, BI MUNDIAL

Há 46 anos, numa noite, no Maracanã, o Santos Futebol Clube conquistava o seu segundo título intercontinental, vencendo o italiano Milan, por 1 x 0, com o gol marcado pelo lateral-esqerdo Dalmo, cobrando pênalti.

Para chegar à sua maior conquista, os santistas precisaram devolver, na noite chuvosa de 14 de novembro, também na casa carioca, os mesmos 4 x 2 sofridos ante os “rossoneros”, em 16 de outubro, no estádio San Siro, em Milão.

O Milan era um timaço. Seguramente, o melhor da Europa. Naquele segundo jogo, os 132.728 espectadores ficaram incrédulos, assistindo aos italianos abrirem 2 x 0 de frente, com 18 minutos de bola rolando – aos 13, Amarildo driblou Lima, cruzou, da esquerda, Mazzola passou entre Mauro e Haroldo, para cabecear e marcar. Aos 18, Maldini lançou e Mazzola penetrou, pelo meio da defesa santista, para fazer mais um. No entanto, mesmo sem o contundido Pelé, substituído por Almir “Pernambuiquinho”, o Peixe virou o placar, a partir do quarto minuto do segundo tempo, quando Pepe cobrou uma falta, da intermediária. O goleiro Ghezzi nem vira a bola passar, de tão forte que fora o chute.

Quatro minutos depois, debaixo de muita chuva, Dalmo cobrou falta, para a área. O meia Mengálvio cabeceou e empatou: 2 x 2. Aos 16, o meia Lima, em jogada individual, virou o placar, para 3 x 2. Aos 21, novamente, cobrando falta, Pepe devolveu a “fatura”. Agora, era 4 x 2 lá e cá.

O Santos venceu com: Gilmar; Ismael, Mauro, Haroldo e Dalmo; Lima e Mengálvio; Dorval, Coutinho, Almir e Pepe. O Milan foi: Ghezzi; David, Trebbi, Trapattoni e Belagali; Maldini e Rivera; Mora, Lodeti, Mazola e Amarildo. A renda de Cr$ 98.075. 500,00 cruzeiros e a arbitragem de Juan Brozzi, auxiliado por Norberto Coerezza e Roberto Goycochéa, todos argentinos.

Para catimbar a decisão, os milaneses entregaram um ofício de protesto à Fifa, alegando que Juan Brozzi havia sido um péssimo árbitro. Inclusive, ameaçaram não disputar a terceira partida, caso ele não fosse trocado. Mas a entidade, que promovia, pela última vez, oficialmente, uma disputa entre o campeão sul-americano e o europeu, não aceitou a pressão.

Veio, então, a noite do 16 de novembro e o Santos balançou a rede, aos 29 minutos do primeiro tempo. No lance do pênalti, Maldini havia acertado um pontapé, no queixo de Almir, gerando dez minutos de uma tremenda confusão, pois os italianos não concordavam com a marcação da falta. Durante as escaramuças, Maldini tentou agradir Juan Brozzi, foi expulso de campo, e os colegas ameaçaram abandonar o gramado. A penalidade, porém, foi cobrada. Dalmo balançou o corpo e chutou, para o canto esquerdo defendido por Balzarini, que até pulou certo, mas não deu para defender. Mais tarde, Ismael acertou uma cabeçada, em Amarildo, e, também, foi expulso.

Na realidade, Juan Brozzi – auxiliado por Praddaude e Goycochéa – foi o grande responsável pela violência em campo, deixando o jogo correr solto. Num dos lances do primeiro tempo, por exemplo, Almir chegou a chutar a cabeça de Balzarini. Em seu livro, “Eu e o Futebol”, o então santista garante que a bola estava mais para ele e que não tivera a intenção de atingr o adversário, que ficou sangrando e teve a cabeça enfaixada. Terminou substituído, na etapa final.

O Santos foi bi, mantendo o time da partida anterior: Gilmar; Ismael, Haroldo, Mauro e Dalmo; Lima e Mengálvio; Dorval, Coutinho, Almir e Pepe. O Milan teve: Balzarini (Barluzzi); Maldini, Belagali, Benitez, Trapattoni e Trebbi; Lodetti e Amarildo; Mora, Mazzola e Fortunato. O jogo rendeu Cr$ 91.546.000,00 e foi assistido por 120.421 pagantes.

DEZEMBRO DE 1963: MAIOR PÚBLICO NO MARACANÃ

Fala-se que a decisão da Copa do Mundo de 1950 levou mais de 2000 mil espectadores ao hoje Estádio Mário Filho, para ver o Brasil perder, por 2 x 1, do Uruguai. Isso nunca se terá certeza. Certo mesmo é que o maior público registrado naquela casa foi em Brasil 1 x 0 Paraguai, pelas Eliminatórias do Mundial de 1970. Na partida, disputada em 31 de agosto de 1969, comprovadamente, 183.341 mil pessoas passaram pelas roletas do estádio.

No entanto, em jogos entre clubes, o maior público continua sendo o de 15 de dezembro de 1963, quando Flamengo e Fluminense disputaram a final do Campeonato Carioca, empataram, por 0 x 0, e o título ficou com os rubro-negros, ante as vistas de 177.020 pagantes.

Tudo leva a crer que a grande afluência de torcedores naquele tarde de domingo se deva, principalmente, ao fato de a torcida do Flamengo estar motivada pelo fato de poder comemorar o título com um empate, além de lavar a alma, pela derrota – por 0 x 3, para o Botafogo – na final carioca de 1962. Isso, evidentemente, além da grande expectativa da, também, grande torcida do Fluminense.

Naquele ano, o campeonato teve 13 clubes, jogos de todos contra todos, turno e returno. Na decisão, o nome do jogo foi o goleiro flamenguista, Marcial, de 22 anos. Pegou tudo. Revelado pelo Atlético-MG e titular da Seleção Mineira, campeã brasileira do mesmo 1963, Marcial calou a torcida tricolor, quando o ponteiro-esquerdo Escurinho, ao final da partida, deu um chute que fez a sua galera levantar para comemorar. Marcial foi lá buscar a bola, mantendo o placar em branco, que o Flamengo, do técnico Flávio Costa, segurava.

O Fla-Flu de maior público no Maracanã foi apitado por Cláudio Magalhães e os dois times jogaram assim: Flamengo: Marcial: Murilo, Luís Carlos, Ananias e Paulo Henrique; Carlinhos e Nelsinho; Espanhol, Aírton, Geraldo e Osvaldo. Fluminense: Castilho: Carlos Alberto Torres, Procópio, Dario e Altair; Oldair e Joaquinzinho; Edinho, Manuel, Evaldo e Escurinho.

NOVEMBRO DE 1964: O RECOR DE DE GOLS DE PELÉ

Oito gols em um só jogo. Esta foi a maior marca do “Rei do Futebol”. Vítima? O Botafogo, de Ribeirão Preto, pelo Campeonato Paulista.

Naquela temporada, o Santos já havia aplicado outras goleadas, como 8 x 1 sobre a Prudentina, de Presidente Prudente, e 6 x 3 no XV de Novembro, de Piracicaba. Mas passara vexames, também, como sendo goleado, por 5 x 1, pelo Guarani, de Campinas. De sua parte, Pelé, também, dera as suas pisadas na bola, como chutando, para fora, um pênalti, durante o 0 x 0, com a Ferroviária, de Araraquara. Mas rei é rei.

Na partida contra o “Botinha”, na Vila Belmiro, em 20 minutos, o Santos já vencia, por 4 x 0, com três gols “Dele”, que faria, ainda, mais dois, no primeiro tempo, que terminou em 7 x 0 – Pepe e Coutinho marcaram os outros. Na etapa final, Pelé deixou mais três nas redes – Toninho Guerreiro encerrou a festa. Antes daquilo, o recorde de gols paulistas em uma partida era de sete gols, marcados por Araken Patuska e Arthur Friendereich, respectivamente, em Santos 12 x 1 Ypiranga (03.05.1931), e Paulistano 9 x 0 União da Lapa (11.09.1929). Evidentemente, que os 11 x 0 sobre o time de Ribeirão Preto derrubaram o técnico Oswaldo Brandão.

Além de Pelé, outros jogadores marcaram oito gols em um mesmo jogo: Pinheiro, em Atlético Santista 14 x 0 Aliança, em 05.07.1919; Jango, em Pernambuco 15 x Paraíba, em 11.10.1939, e Jorge Mendonça, em Náutico 8 x Santo Amaro, em 11.08.1974. Houve, também, quem suplantasse o “Rei”, marcando nove gols em uma só partida. Vejamos: Gilbert Hime, em 20.05.1909, em Botafogo 24 x 0 Mangueira; Brás, em 02.07.1919, em São Cristóvão 11 x 1 Mangueira; Jairo, em 05.08.1933, em América-MG 12 x 1 Palmeiras-BH; Danzi, em 16.06.1938, em Sport Recife 16 x o Flamengo-PE, e Dalmar, em 20.11.1966, em Cruzeiro 10 x 0 Renascença.

Com 10 gols, tivemos: Tará, em 01.07.1945, em Náutico 21 x 0 Flamengo-PE; Caio Mário, em 28.10.1945, em CSA 22 x 0 Esporte-AL, e Dario, em 06.04.1976, em Sport Recife 14 x 0 Santo Amaro.

1977: O MAIOR PÚBLICO DO PACAEMBU

Se o Maracanã, no Rio de Janeiro, já recebeu 177.020 pagantes em um jogo entre clubes – Fla 0 X 0 Flu, em 15.12.1963 – e 174.770 – Fla 3 x 1 Vasco, em 4.4.1976, ambos pelo Campeonato Carioca –, o Pacaembu, inaugurado em 28 de abril de 1940 e maior estádio paulista, até o surgimento do Morumbi, em 02.10.1960, está longe disso. Seu público máximo foi de 68.327 pagantes, num empate, por 1 x 1, entre Santos e Palmeiras, em 1977.

No entanto, há quem considere mais relevante o público do jogo São Paulo 3 x 3 Corinthians, em 24 de maio de 1942, marcando a estreia do goleador Leônidas da Silva no time tricolor paulista. Naquele dia, 63.281 torcedores compraram ingressos, mas os almanaque de São Paulo e Corinthians informam que 70.281 presentes estiveram no estádio – no qual o atacante nada apresentou, rigorosamente marcado pelo alvinegro Brandão, levando o jornal “A Hora” a dizer que “o Flamengo vendera um bonde aos paulistas, por 200 contos de reis”.

A transferência de clube, do “Diamante Negro”, fora o maior acontecimento do ano, em São Paulo, levando 10 mil torcedores a recepcioná-lo, na Estação do Braz, de onde o carregaram, nos ombros, até a sede do clube. Na sua estreia, válida pelo Campeonato Paulista – jogo 241 da história são-paulina –, os corintianos estreavam o atacante Hércules e abriram o placar, por intermédio de Jerônimo, Lola empatou, no primeiro tempo. Na etapa final, Servílio colocou o Timão na frente, novamente; Luizinho voltou a empatar; Teixeirinha virou o marcador, para o São Paulo, e Servílio deu números finais ao clássico, que rendeu 244.414,$000 – mil reis. O antigo real circulou até 31 de outubro de 1942. Em novembro, a moeda passou a ser o cruzeiro.

O São Paulo, do técnico Conrado Ross, formou com: Doutor; Fiorotti e Virgílio; Silva, Lola e Zaclis; Luizinho, Waldemar, Leônidas. Teixeirinha e Pardal. O Corinthians, que fazia o seu jogo de número 787, treinado pelo técnico Rato, foi: Joel; Agostinho e Chico Preto; Jango, Brandão e Dino; Jerônimo, Milani, Servílio, Eduardinho e Hércules.

Em Santos 1 x 1 Palmeiras, de 1977, o Pacaembu, cujo nome oficial é Estádio Municipal Paulo Machado de Carvalho, já havia passado por reformas que elevaram a sua capacidade. A partida valeu pelo Campeonato Brasileiro e, segundo a revista “Placar”, de número 399, mais de 70 mil pessoas estavam na casa, assistindo ao confronto válido pelo Grupo H do Brasileiro, que incluía, ainda, Goytacaz, de Campos-RJ, Bahia e Portuguesa de Desportos. Matematicamente, Palmeiras e Bahia já estavam classificados à próxima fase, enquanto o Santos brigava, com os campistas, pela outra vaga – a Lusa já estava eliminada.

Embora o Santos estivesse mais aceso, o Palmeiras virou o primeiro tempo, vencendo, por 1 x 0, com o gol marcado, por Jorge Mendonça, aos 43 minutos. Como o resultado era bom, o “Verdão” tentou segurá-lo, mas o “Peixe” igualou o placar, aos 17 da etapa final, por intermédio de Toinzinhoa, aproveitando-se de uma falha da linha de impedimento palmeirense.

O carioca Luís Carlos Félix apitou o clássico que arrecadou Cr$ 2.018.220,00 (cruzeiros). O Palmeiras, treinado pro Jorge Vieira, foi: Leão; Rosemiro, Jair Gonçalves, Beto e Vacaria; Pires, Zé Mário e Jorge Mendonça; Edu, Toninho e Macedo (Adriano). O Santos, de Chico Formiga, teve: Ricardo: Nélson, Joãozinho, Fernando e Gilberto “Sorriso”; Carlos Roberto, Aílton Lira e De Rosis (Juari); Nilton Batata, Toinzinho e João Paulo (Bianchi).

1979: TEMPORADA CARIOCA COM DOIS CAMPEONATOS

No ano em que o futebol do Rio de Janeiro chegava aos 90 anos, por causa da então Confederação Brasileira de Desportos (CBD) – só abandonaria as demais modalidades, ficando, apenas, com o futebol, a partir de 17 de dezembro, quando tornou-se Confederação Brasileira de Futebol (CBF) –, os clubes cariocas disputaram dois campeonatos, durante a temporada de 1979.

Como a CBD demorava a definir o seu calendário, a Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro (FERJ), iniciou o dela logo em fevereiro, para evitar prejuízos financeiros para os seus filiados, além de evitar qualquer choque de datas com o Campeonato Brasileiro.

O primeiro campeonato, chamado de “Especial”, começou em 08.02.79 e foi até 24.04.79, disputado por 10 times – América, Botafogo, Flamengo, Fluminense, São Cristóvão e Vasco (cariocas), além de Americano e Goytacaz, de Campos, Volta Redonda e o Fluminense, de Nova Friburgo. O Flamengo venceu os dois turnos e foi o campeão estadual, invicto, fato inédito na “Era-Maracanã”. Também, foi o seu primeiro título invicto na era do profissionalismo.

O segundo campeonato teve 18 times – além dos que disputaram o “Especial”, entraram, ainda, ADN (Associação Desportiva Niterói), Bangu, Madureira, Olaria e Portuguesa – e um regulamento complicado. No primeiro turno, jogaram todos contra todos. Ao final da etapa, ADN, Bangu, Fluminense, de Nova Friburgo, Madureira, Olaria, São Cristóvão e Volta Redonda,os últimos colocados, tiveram de jogar uma nova fase classificatória.

No returno, com oito equipes, jogaram, também, todos contra todos. E o terceiro incluiu Bangu e Portuguesa, vencedores da “repescagem”, em mais um todos contra todos. Embora o regulamento previsse decisão entre os campeões dos três turnos, o Flamengo venceu os três e levou a taça deste Estadual, entre 13.05 e 04.11.1979.

1979: O MAIOR CAMPEONATO DO MUNDO

Em 1979, o Campeonato Brasileiro de Futebol chegou a ter 94 times. Obrigada, pela FIFA, a Confederação Brasileira de Desportos (CBD) abandonou as demais modalidades, ficando só com o futebol, para promover a maior competição do gênero, no planeta, em sua última atuação com a velha sigla – a partir de então, passaria a viver como Confederação Brasileira de Futebol (CBF).

Por aquele tempo, dizia-se: “Onde a ARENA–Aliança Renovadora Nacional vai mal, um time no Nacional. E foi assm que, para angariar votos para o partido de sustentação ao regime militar, que o almirante Heleno Nunes, presidente da CBD saiu distribuindo convites a clubes que, muitas vezes, eram muito mais times, casos de Guará (DF), Colatina (ES), Campo Grande (RJ), Caldense (MG), Leônico e Fluminense de Feira (BA), ASA, de Arapiraca (AL), Anapolina e Itumbiara (GO), Itabaiana (SE), Francana, São Bento e XV de Piracicaba (SP), Caxias, Novo Hamburgo e Brasil, de Pelotas (RS), Londrina (PR), Potiguara (RN) e Joinville e Chapecoense (SC), entre outros.

Na primeira fase, 80 times foram divididos em turno único, dentro de grupos – dois deles, G eo H reunia os mais fortes –, classificando-se oito para a fase seguinte. Nas demais chaves, quatro iam adiante, além dos quatro melhores, entre os não classificados.

Na segunda fase, entraram mais 12 times – 6 cariocas e 6 paulistas –, que se juntaram aos 44 classificados e formaram sete grupos de oito clubes, cada. Os dois primeiros colocados foram para a terceira fase. Nesta, além de 14 equipes saídas da fase anterior, entraram Guarani, de Campinas, o campeão de 1978, e o Palmeiras, o vice. Então os 16 foram divididos em quatro grupos de quatro, só com os primeiros chegando às semifinais. Aí, dividiram os times em duas duplas, com jogos de ida-e-volta, classificando para a final o vencedor de cada dupla na soma de placares. A final teve jogos de ida e e volta, e o Internqacional tornou-se o primeikro campeão invicto do Brasileirão, vencendoo Vasco, na decisão.

TELÊ: 40 ANOS DO PRIMEIRO TÍTULO COMO TREINADOR

Um dos mais importantes treinadores do futebol brasileiro, Telê Santana estreou na divisão principal já conquistando o título de campeão carioca de 1969, pelo Fluminense. Um ano antes, havia sido campeão com os juvenis, o que motivou a sua promoção à divisão principal.

Disciplinador, Telê exigia profissionalismo, acima de tudo, dos seus jogadores, dentro e fora de campo. Por isso, conquistou 11 títulos na carreira, com destaque para o primeiro Campeonato Brasileiro, em 1971, com o Atlético-MG, duas Taças Libertadores e dois Mundiais Interclubes, pelo São Paulo, um decidido contra o espanhol Barcelona e o outro pelo italiano Milan.

Telê foi o formador do time tricolor campeão do Torneio Roberto Gomes Pedrosa de 1970, embrião do atual Brasileiro. Por ironia do destino, o Flu decidira com o Atlético-MG, que ele dirigia e conquistara o seu primeiro título estadual na era-Mineirão.

Pela Seleção Brasileira, Telê Santana comandou os “canarinhos”, de 1982 a 86, protagonizando uma das maiores injustiça das Copas do Mundo, ao ser eliminado, pela Itália, em 1982, quando tinha o time que jogava mais bonito, que dava espetáculos. Em 86, caiu numa decisão por pênaltis, contra os franceses, novamente, quando se aproximava do título.

Como atleta, Telê começou no Itabirense-MG, de sua terra, passando, depois, pelo América, de São João Del-

Rei, de onde pulou, para o juvenil Fluminense, clube no qual se consagrou, a partir de 1951, como profissional. Marcou 162 gols, em 557 partidas, sendo o terceiro que mais vestiu a camisa tricolor. No currículo, teve os títulos de campeão carioca de 1951; da Taça Rio de 1952 – disputa internacional – e do Torneio Rio-São Paulo de 1957. Seu aopelido era “Fio de Esperança”.

19 DE NOVEMBRO DE 2009: 40 ANOS DO GOL MIL DE PELÉ

Brasília estava parada, apartir das 21h, à espera de assistir, pelas telas, em preto e branco, do o Canal 6, a TV Brasília, Pelé marcar o seu milésimo gol. Eram 23h11, no Maracanã, quando o camisa 10 do Santos correu para a bola, de marca Drible, e a chutou, para o canto esquerdo das balizas defendidas pelo goleiro argentino Edgar Norberto Andrada.

A partida valia pelo “Robertão”, o Torneio Roberto Gomes Pedrosa, embrião do atual Campeonato Brasileiro, e o Santos empatava, por 1 x 1, com o Vasco da Gama, um time sem brilho, na época e que abrira o placar, aos 17 minutos do primeiro tempo, por intermédio do meia Benetti.

Eram jogados 33 minutos do segundo tempo, quando Pelé partiu para dentro da área vascaína, com a bola dominada. Os zagueiros Renê e Fernando lhe deram combate e, ao ver o atacante caído no gramado, o árbitro pernambucano Manoel Amaro de Lima marcou o pênalti, que Renê jura que não o fez, garantindo não ter tocado um dedo em “Sua Majestade, o Camisa 10” – Renê, no entanto, fizera um gol contra.

Depois de esperar que os fotógrafos escolherem o melhor ângulo para eternizar aquele momento – os demais atletas santistas se colocaram no meio do campo –, Pelé atendeu os gritos de “Pelé, Pelé”, dos torcedores que pediam para ele cobrar o pênalti, e correu para a bola. De nada adiantou o lateral-direito vascaíno Fidélis fazer buracos na marca do pênalti. Com o pé direito, o “Rei” transformou aquela noite na mais importante do ano, para os brasileiros, até "maior" do que a da descida do homem na Lua, três meses antes.

Marcado o gol, Pelé apanhou a bola no fundo das redes e a beijou. Rapidamente, o roupeiro vascaíno Chico o vestiu com uma camisa, do seu clube, com o número mil às costas. O goleiro Agnaldo o colocou nos ombros – Pelé tinha a pelota sempre levantada para o alto –, e com ele deu uma volta olímpica pelo Maracanã, com a partida paralisada, fato inédito na história do futebol. “Naquele dia, eu enfrentei o mundo. Em campo, não dava para escutar nem a respiração dos torcedores. Até a torcida do Vasco torceu contra mim”, declarou Andrade, tempos depois. De sua parte, Pelé confessou, também, muito depois, que tremeu, daquele vez: “O jogo parado, o estádio inteiro calado. Eu, a bola e o Andrada. Naquela hora tive um terrível medo de falhar. Fiquei nervoso. Sabia que todos esperavam o gol. Pouca gente viu, mas fiz o sinal da cruz antes de cobrar o pênalti”.

De volta ao chão, ao se ver diante de um “mar de microfones”, Pelé pediu: “Pensem no Natal. Pensem nas criancinhas”. Antes, dissera ao repórter Geraldo Blota, da Rádio Gazeta, o primeiro a ouví-lo: “Dedico este gol às criancinhas do Brasil”.

POLÊMICAS – Tema rico para discussões, houve quem levantasse que o verdadeiro milésimo gol de Pelé fora marcado no dia 4 de fevereiro de 1970, nos 7 x 0 santistas, sobre o América, do México. Nesse ponto, a colocação foi a de ter sido o “gol-mil” do atleta, como profissional. Um dos maiores historiadores do futebol brasileiro, Thomaz Mazzoni, sustentou que o tento histórico teria acontecido nos 4 x 0, sobre o Santa Cruz, em Recife, dias antes do jogo contra o Vasco. Mazonni computava um gol de Pelé, pela seleção brasileira militar, no Sul-Americano das Forças Armadas, em 1959, quando o placar fora 4 x 1, e, não, 4 x 3, com Pelé marcando um, além de a partida ter sido em 18.11.59, e, não, em 5.11.59.

Em 1995, a Folha de São Paulo recontou os gols do artilheiro santista e afirmou que o milésimo teria sido contra o Botafogo, da Paraíba, num amistoso, em João Pessoa, no dia 14 de novembro, na inauguração do Estádio Governador José Américo de Almeida. Por sinal, também, de pênalti, aos 23 minutos do segundo tempo. A polêmica só terminou com uma reportagem, de Celso Unzelte, para a revistas Placar, comprovando que um gol atribuído a Pelé, em 1965, pela seleção brasileira, contra a então Tehcoeslováquia, na verdade, fora marcado por Coutinho. Assim, o festejado feito voltou a ser “gol mil”.

FICHA TÉCNICA

Vasco 1 x 2 Santos

Vasco

Andrada; Fidélis, Moacir, Fernando e Eberval; Renê, Bougleux e Acelino (Raimundinho) e Adílson; Benetti e Danilo Menezes (Silvinho).

Santos

Agnaldo; Carlos Alberto Torres, Ramos Delgado, Djalma Dias (Joel Camargo) e Rildo; Clodoaldo, Lima, Manoel Maria e Edu; Pelé (Jair Bala e Abel.

Local: Maracanã. Árbitro: Manoel Amaro de Lima (PE).

Gols: Benetti; Renê (contra) e Pelé. Público: 65.157 pagantes e cerca de 100 mil presentes. Renda: NCr$ 253.275,25.

AS HONRARIAS DO REI DO FUTEBOL - A data 19 de novembro é dedicada ao “Rei do Futebol”, como “Dia Pelé”, instituído, pela prefeitura de Santos, em 1995, para coincidir com a da marcação do milésimo gol. Outras honrarias concedidas ao ex-atleta são:

Atleta do Século - Pelo Comitê Olímpico Internacional-1999.

Profissional que Transformou o Futebol - Pela revista Sports Illustrated, dos EUA.

Maior Futebolista do Século - Pela UNICEF-1999.

Atleta do Século - Pela agência de notícias Reuters-1999.

Cavaleiro Honorário do Império Britânico-1997 - Pela Rainha Elizabeth II.

Atleta do Século-1996 - Pelo Grupo DuPont, da França.

Medalha dos Direitos Humanos-1995 - Pela organização judaica B´nai B´rith, devido o trabalho contra o preconceito racial.

Embaixador para a Educação, Ciência e Cultura-1994 - Pela Unesco.

Cruz da Ordem da República Húngara-1994 - Pelo governo da Hungria, é a mais alta condecoração do país.

Membro do Hall da Fama-1993 - Pela cidade de Oneonta, Estado de Nova York, EUA.

Embaixador da Boa Vontade- 1993 - Pela Unesco.

Embaixador da Organização para Ecologia e Meio Ambiente –Pela ONU, em 1992.

Rua Pelé- 1992 - Em Montevidéu, no Uruguai, inaugurada com a presença do presidente da República Luis Alberto Lacalle.

Ordem Nacional do Mérito-1991 - Pelo governo brasileiro.

Praça Pelé-1984 - Em Los Angeles, nos EUA.

Ordem do Mérito Desportivo Sul-Americano-1985 - Pela Confederação Sul-Americana de Futebol (Conmebol) , em seu aniversário de 75 anos.

Ordem da FIFA-1984 - Pela FIFA, que comemorava 80 anos.

Prêmio aos Valores Humanos-1983 - Pela prefeitura de Nova York.

Estátua na Índia-1983 - Em Durgapur, Estado de Bengala.

Grande Marechal da Hispanidade - Concedido pelas associações hispânicas de Nova York, com direito a desfile em carro aberto pelas ruas (1981).

Atleta do Século - Pelo jornal francês L´Equipe, depois de eleições junto a jornalistas de todo o mundo. O anúncio foi no final de 1980 e o prêmio entregue, em Paris, em 1981.

Comenda da Ordem dos Campeões - Concedido pela Organização da Juventude Católica, em Nova York, em 1978.

Grã-Cruz do Mérito Desportivo - Concedido pelo governo brasileiro, em 1977.

Diploma de Mérito de Cidadão do Mundo - Pela Unicef, em solenidade na sede da ONU, em Nova York, em 1977.

Cidadão de Nova Jersey - Pela prefeitura da cidade norte-americana. O prefeito oficializou o dia 1º de outubro como “Dia Pelé”, para marcar a despedida dos gramados do “Rei do Futebol”, em 1977.

Cidadão Honorífico de Los Angeles - Pela prefeitura da cidade norte-americana, em 1977.

Cidadão de Bauru - Pela Câmara de Vereadores da cidade, em 1975.

Estádio Pelé – Inaugurado, em Teerã, capital iraniana. O Deyhim Esporte Clube, time local, mudou seu nome, para Pelé Esporte Clube, em 1971.

Estátua Rei Pelé – Inaugurada, em Três Corações, cidade natal do “Rei”, com a presença dele e dos embaixadores da Suécia, do Chile e do México, em 1971.

Prêmio da Academia Francesa de Esportes – Concedido, pela primeira vez, a um atleta de esportes coletivos, em 1971.

Medalha Vermelha de Paris - Pela prefeitura de Paris, em 1971.

Bola de Prata - Pela revista Placar, que entregou-lhe o troféu e o considerou hours-concours da promoção anual, em 1970.

Bola de Ouro – Pela revista Placar, como hours-concours da promoção anual, em 1983.

Filho Predileto da Cidade de Guadalajara - Pela prefeitura da cidade mexicana, em 1970.

Estádio Rei Pelé – Inaugurado, em Maceió, Alagoas, em 1970.

Comendador da Ordem do Rio Branco – Pelo governo brasileiro, após a marcação do milésimo gol, em 1969.

Cavaleiro da Ordem do Rio Branco - Pelo governo brasileiro, em 1967.

Espada de Honra do Futebol - Pelo Anuário do Futebol da Inglaterra. A espada foi confeccionada à mão pelos armeiros da rainha Elizabeth. Foi o primeiro não-britânico condecorado, em 1966.

Cavaleiro da Legião de Honra da França - Pelo governo francês, em 1963.

TÍTULOS DE PELÉ PELA SELEÇÃO BRASILEIRA

Campeão mundial-1958,1962 e 1970.

Campeão da Copa Rocca-1957 e 1963.

Campeão da Copa Oswaldo Cruz-1958, 1962 e 1968.

Campeão da Copa Bernardo O´Higgins-1959.

Campeão da Taça do Atlântico-1960.

TÍTULOS PELO SANTOS FUTEBOL CLUBE:

Campeonato Paulista-1958/60/61/62/64/65/67/68/69/73

Torneio Rio-São Paulo-1959/63/64/66.

Taça Brasil/ Robertão-1961/62/63/64/65/68.

Taça Libertadores da América-1962/63.

Mundial Interclubes-1962/63.

Torneio Tereza Herrera-1959.

Torneio Pentagonal do México-1959.

Torneio de Valência-1959.

Torneio Dolutor Mario Echandi-1959.

Torneio Giallorosso-1960.

Torneio Quadrangular de Lima-1960.

Torneio de Paris-1960/1961.

Torneio Itália-1961.

Torneio Internacional da Costa Rica-1961

Torneio Pentagonal de Guadalajara-1961.

Taça das Américas-1963

Torneio Internacional da Venezuela-1965.

Torneio Quadrangular de Buenos Aires-1965.

Torneio Hexagonal do Chile-1965 e 1970.

Torneio Internacional de Nova York-1966.

Torneio Pentagonal de Buenos Aires-1968

Torneio Octogonal do Chile-1968.

Torneio da Amazônia-1968.

Torneio Quadrangular Roma-Florença-1968.

Torneio de Cuiabá-1969.

Taça Cidade de São Paulo-1970.

Torneio de Kingston-1971.

Torneio Laudo Natel-1974.

TÍTULO PELA SELEÇÃO PAULISTA

Brasileiro de Seleções-1959

PELA SELEÇÃO DAS FORÇAS ARMADAS BRASILEIRAS

Sul-Americano Militar-1959

PELO COSMOS (EUA)- Campeão Norte-Americano-1977.

MARCAS IMPORTANTES NA CARREIRA

Mais jovem artilheiro do Campeonato Paulista. Em 1957, pelo Santos, quando fez 17 anos, durante a competição.

Mais jovem campeão mundial, em 1958, aos 17 anos.

Mais jovem bicampeão mundial, em 1962, aos 21 anos.

Maior artilheiro em uma temporada, em 1959, com 127 gols.

Maior artilheiro da Seleção Brasileira, com 95 gols.

Maior artilheiro do futebol profissional, com 1.281 gols.

Maior transação do futebol, até o fim dos anos 70. Em 1975, foi para o Cosmos, por US$ 7 milhões.

Onze vezes artilheiro do Campeonato Paulista: 1957, 17 gols; 1958, 58; 1959, 45; 1960, 33; 1961, 47; 1962, 37; 1963, 22; 1964, 34; 1965, 49; 1969, 26; 1973, 11 gols.

Nove vezes, consecutivas, artilheiro do Campeonato Paulista, de 1957 a 1965.

Maior número de gols, 58, em um único campeonato, o Paulistão de 1958. Abaixo só aparece ele próprio, com 49 gols em 1965.

Artilheiro da Copa América, com 8 gols, em 1959.

Artilheiro do Campeonato Brasileiro das Forças Armadas, com 11 gols, em 1959, pela Seleção da 6ª Guarda Costeira.

Artilheiro das Taças Brasil, de 1961 e de 63, respectivamente, com 9 e 12 gols.

Artilheiro do Torneio Rio-São Paulo, em: 1961, 7 gols; 1963, 15; 1964, 3; 1965, 7.

Artilheiro do Mundial interclubes de 1962, com 3 gols.

Artilheiro da Taça Libertadores da América de 1963, com 11 gols.

Por um só clube, o Santos, 1.091 gols. Pelé ficou 6.662 dias como atleta do clube.

Contra um mesmo clube, o Corinthians, 49 gols marcados, entre 1957 e 1974.

Entre 1975 e 1977, 65 gols, em 111 jogos pelo Cosmos, de Nova York.

Total de 32 títulos de campeão, uma média de 1,5 por ano.

Mais 23 títulos de campeão de torneios não-oficiais, o que sobe a média para 2,6 por ano.

37 pontos conquistados em Copas do Mundo.

14 jogos com 12 vitórias, 1 empate e 1 derrota; 12 gols; 0,8 média de gols em Copas do Mundo.

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

23 DE OUTUBRO DE 2009: PELÉ 69 ANOS


Pelé chega aos 69 anos de idade, com o seu reinado intocável, sempre em expansão e como o seu mito a caminho da eternidade. Ele é adorado e odiado, despertando discussões intermináveis e, em muitos casos, paixões. Enfim, é o maior do seu mundo redondo, onde, perto dele, tudo balança, inclusive corações.


Pelé, o Atleta do Século 20

Pelé é o único rei aceito por todos os povos, com reinado sem fronteiras. Impressionante! Há tempos em que ele não passeia mais pelos terrenos que lhe deram majestade, mas seu carisma nas vésperas de ficar setentão ainda é o mesmo dos tempos em que era menino e a bola se tornava sua cúmplice.

Porque o reinado de Pelé tem vida tão longa? Explicam os astrólogos: o mapa astral dele mostra que, quando nasceu, em 23 de outubro de 1940, na mineira Três Corações, o sol estava abandonando libra e ingressando em escorpião. De sua parte, a lua habitava seu próprio domicílio, câncer, assegurando contato com o povo. Pelé não poderia saber, mas, ao sair da barriga de Celeste do Nascimento, o planeta netuno fazia conjunção com o signo de virgem, enquanto saturno, júpiter e urano o faziam com touro. São aspectos que marcam pessoas nascidas com uma capacidade especial, tendo em vista que os planetas citados acima são signos da terra, que é redonda, razão especial para Pelé viver sempre com a “bola cheia”.

Pelé só passa por “bola furada” quando tentam desqualificar o seu caráter. Exemplo: quando marcou o seu milésimo gol – 19.11.1969, em Santos 2 x 1 Vasco, no Maracanã –, dedicou o feito às crianças, pedindo a povo e governo para salvarem os meninos de rua, sem chances de progredir na sociedade. Acusaram-no de demagogo.

Momentos antes de “executar” o goleiro vascaíno Andrada, Pelé pensara em dedicar o gol à sua mãe, aniversariante, no dia seguinte. No entanto, após o tento, vendo tantas comemorações, no gramado, lhe viera à mente o seu tempo de molecote, na paulista Bauru, onde muitos garotos que jogaram bola com ele, pelas ruas, se perderam pela vida, por falta de orientação. Fortes lembranças, que faziam Pelé chorar, quando ia para os estádios e, de dentro dos ônibus que conduziam o time do Santos, pela janela, ele enxergava crianças abandonadas pelo caminho.

Se Pelé podia ter um lar estruturado, viver em concentrações confortáveis e hospedar-se em hoteis luxuosos, ele não admitia que os meninos de rua não pudessem ter direito a uma vida digna. Por isso, ficou magoado, ao ser taxado de demagogo. Se o seu apelo tivesse sido ouvido, há 40 anos, as crianças que, hoje, assaltam, pelas ruas das cidades, talvez, filhos, daquelas para as quais ele pedira socorro, estariam sendo úteis, em alguma atividade produtiva, e a sociedade tendo um aporte muito menor nos gastos com os presídios.

Pelé já foi acusado,também, de ser um alienado político. E o foi. Mas não consentido. A partir de quando tornou-se ”Rei do Futebol”, nada mais lhe foi permitido, além de jogar, treinar e jogar. Como poderia ler jornais e revistas, e assistir aos poucos canais de TV da época? Se pudesse, havia a censura. Houve muitos jovens politizados, que enfrentaram a ditadura militar. Mas Pelé era, simplesmente, uma minha de dinheiro,e o Santos o submetia à exaustão, nos gramados.

Quando passou a conviver com pessoas politizadas e tomou conhecimento do que se passava no Brasil, Pelé adotou a postura política que se cobrava dele. Defendeu eleições diretas para a presidência da república, disse que o nossos eleitor não sabia votar e que sentia vergonha de ser brasileiro, devido a corrupção praticada pelos ocupantes dos nossos cargos públicos. Após deixar o cargo de ministro dos esportes, no governo Fernando Henrique Cardoso, declarou que faria um governo de có-gestão, caso ele fosse o presidente do país.

De vez em quando, acusava-se Pelé de estar vendido a alguma causa. Em 1974, quando recusou participar da Copa do Mundo, disseram que ele estava vendido à Pepsi Cola, porque, bem antes, assinara um contrato de publicidade, com a multinacional norte-americana. Em 1978, já “estava vendido” à ditadura do general Ernesto Geisel, porque divulgava produtos brasileiros no exterior, quando, na verdade, fora empresários brasileiros que o contrataram para tal serviço. Tempos depois, seu “comprador” teria sido a Umbro. O crucificaram, sob a alegação de que a multinacional do ramo de materiais esportivos o mandara defender que a Inglaterra teria mais condições, do que o Brasil, de sediar a Copa do Mundo-2006, que terminou na Alemanha.

Pelé sempre disse que não há dinheiro capaz de fazê-lo perder o seu amor pelo Brasil. Para ele, negar apoio a uma candidatura não significava falta de patriotismo, mas de “transparência na formação da comissão organizadora” – o Brasil retirou a sua candidatura, em favor da África do Sul-2010, em troca de apoio para 2014, e deu certo, para ambos.

DÁDIVA DED DEUS – Já surgiram muitos “Peles”, para ocupar o trono do “Rei do Futebol”. Nesse ponto, a análise do “Camisa 10” bate com o seu mapa astral, ou seja: “há pessoas escolhidas, por Deus, para receber uma graça” – os gênios. Ele não acredita que existirá outro Pelé. Intuir que é o primeiro e único e que lhe foi concedida a graça divina de reinar sobre a bola.

O que mais se identifica com Pelé, depois da bola, é o Maracanã, onde ele pisou, pela primeira vez, aos 16 anos de idade. Era tão menino que assombrou-se com o tamanho do estádio – disputou um torneio internacional, pelo combinado Vasco-Santos, merecendo, no ano seguinte, convocação, para a Seleção Brasileira que disputaria a Copa Roca.

Em sua estréia, como canarinho – 07.07.1957 –, a única preocupação do futuro rei nem era badalar o gol marcado sobre os argentinos, mas fazer os repórteres cariocas pronunciar, corretamente, o seu apelido: Pelé, e não Pelê, pois eles estavam acostumados com Telê (Santana), do Fluminense.

O DEUS DO ESTÁDIO - Foi no Maracanã que Pelé inventou o “gol de placa”, mandou a sua milésima bola na rede e teve uma de suas maiores emoções, ao ouvir o torcedor gritar “Fica, fica”, quando ele se despedia da Seleção, em 1971. Dois anos antes, aquele torcedor já gritara “Pelé! Pelé””, exigindo que ele cobrasse o pênalti que gerou o gol-1000. Foi quando suas pernas tremeram, pela primeira vez. Pelé não entendeu nada, quando os colegas santistas se colocaram no meio do campo e o deixaram, sozinho, na pequena área, para fazer o gol e chorar durante a comemoração.

O Maracanã, no entanto, podia fazer o “Rei do Futebol” chorar de emoção – sentia-se em casa. Os dois eram cúmplices. Um, fã do outro. Tinham segredos que só eles sabiam. Como tirar proveito d suas respectivas grandezas. Sempre 10, também, no preparo físico, Pelé sabia explorar as dimensões do gramado, para “matar o inimigo”. Por exemplo, na despedida de Garrincha, em 1973, marcara um dos gols mais bonitos de sua carreira. Poucas vezes, não atuara bem no “Maraca”.

Pelé só tinha uma queixa do “velho amigo”: a falta de referência para as suas balizas. Se nos pequenos estádios ele podia macomunar-se com um muro, um detalhe num alambrado, uma árvore, etc, no Maracanã, as vezes, sentia dificuldades no rumo do gol. O jeito era bater forte na “gorduchinha”, de fora da área, pois, naquela casa, via tudo muito grande. De quebra, um lamento: contundido, não pudera ter sido campeão mundial interclubes, jogando no Maracanã. Ali, em 1963, o Santos vencera o Milan, com Almir “Pernambuquinho” o substituindo.

Só Pelé seria capaz de ser convidado para marcar o gol que jamais marcara, no estádio onde nunca jogara. Aconteceu no inglês Wembley – antes da demolição –, em 1989, quando ele narrava 12 vídeos, para a série “O Jogo dos Bilhões”. Lembrando-se daquela lacuna no seu currículo, Pelé apanhou a bola, foi até o meio do campo, partiu com ela, em direção ao gol e, ao chegar à meia-lua da grande área, levantou a “parceira”, invadiu a pequena área e estufou as redes, com direito a soco no ar e beijo na “maricota”.

REI DA MULHERADA – Pelé é “bom de jogo”, também, com as mulheres. Em 1980, o país inteiro “namorava” o seu namoro, com a iniciante modelo Xuxa – a deixou, por discordar do eletrizante ritmo que a moça imprimia à sua carreira. Com outra “deusa” da época, Luiza Brunet, não chegou a namorar, mas se não tivesse pedido uma “forcinha” para a mato-grossense, com certeza, a trajetória do sucesso dela demoraria mais.

Depois de separar-se de Rosemary, Pelé circulou, sempre, com mulheres bonitas. Em 19789, foi visto na badalada boate carioca Hipopotamus, com a cantora baiana Gal Costa. No inverno de 1980, aqueceu-se com a modelo Oneida, uma das morenas brasileiras mais bonitas do período. Em 86, circulou com a Miss Brasil, Deise Nunes e encantou a atriz Edna Velho. Em 87, colocava mais uma Miss Brasil no currículo, a catarinense Andréia Reis. Em 89, a terceira, Flávia Cavalcante, que chegara a colocar anel de noivado. No carnaval daquele ano, já saira com a modelo Adriana Eglliot. No mais, namorara a professora (de Educação Física) Eliane Árias e a atriz Simone Carvalho.

Pelé casou-se duas vezes. A primeira, na década-60, com Rosemary Cholby. Depois, em 30 de abril de 1994, com Assíria Lemos, em Recife. No segundo caso, a fé evangélica dela, de quem já se separou em 2008, não chocava com o seu catolicismo, porque ambos louvavam um mesmo deus – deixaram para os filhos, Joshua e Celeste, escolherem seus caminhos religiosos, no futuro.

Bom no jogo, melhor no amor, Pelé, também, já foi “bola murcha”, na cama. Mas, dá-se um desconto. Depois de “matar” os adversários no gramado, chovia mulheres em cima dele. Então, ia para os “lances” esgotado, exausto, as vezes, mandando a bola para a “linha de fundo”.

No caso da filha Sandra – com uma namorada dos tempos de adolescente – , que exigiu, na Justiça, exame de DNA, para comprovar a sua filiação –, Pelé se defende, queixando-se que a moça, em vez de tentar ganhar o seu carinho e a sua confiança, preferira magoá-lo, pela imprensa. Além do mais, sempre alegou que, depois da “rapidinha” com a mãe da moça, jamais a vira e nem ela lhe procurara. Enfim, vida de “Rei” tem de tudo.