sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

18 DE DEZEMBRO DE 1965: FLAMENGO, CAMPEÃO DO IV CENTENÁRIO

 Flamengo e Bangu chegaram à última rodada do Campeonato Carioca de 1965 separados por, apenas, dois pontos (22 x 20). Até então, só os banguenses haviam conseguido vencer os rubro-negros, por 3 x 0, no returno – 0 x 0 no primeiro turno.

O clima era de muita catimba. Nas vésperas dos jogos decisivos, o técnico Elba de Pádua Lima, o Tim, do Fluminense, denunciou uma tentativa de suborno, para os tricolores facilitarem as coisas para os “Mulatinhos Rosados de Moça Bonita”. Suspense na Gávea. Se o Flu perdesse, no sábado e o Botafogo vencesse o Fla, no domingo, haveria uma série melhor de três, entre Flamengo e Bangu.

Veio, então, a noite de 18 de dezembro de 1965. Com dois minutos jogo, o meia tricolor Evaldo mandou bola na rede. Depois, ninguém mexeu no placar, e o Flamengo ficou campeão, na véspera de encarar os alvinegros, quando não fez muita força e perdeu, por 1 x 0, pois não precisava vencer. Afinal, já era campeão no charmoso ano do IV Centenário do Rio de Janeiro, quando tudo era festa na Cidade Mravilhosa.

Treinado pelo argentino Armando Renganeschi, o Flamengo teve, por time-base, Valdomiro; Murilo, Ditão, Jaime e Paulo Henrique; Carlinhos e Nelsinho (Fefeu); Paulo “Choco” Alves, Almir, Silva e Rodrigues. Era um grupo sem favoritismo, no início do Campeonato Carioca, pois fracassara em todas as disputas anteriores. No entanto, quando “ festa começou”, botou todo mundo pra dançar. Só perdeu a liderança na terceira rodada do returno, quando levou os 3 x 0 impostos pelo Bangu. Empatou, por 0 x 0, com o mesmo Bangu e o Fluminense, mas, de resto, só bateu, excetuando-se, evidentemente, a derrota da última partida, contra o Botafogo, quando não fez nenhuma questão de correr muito.

Os demais jogos rubro-negros na campanha “quatrocenona” foram: 2 x 1 e 2 x 1 América; 2 x 0 e 1 x 0 Portuguesa; 2 x 1 e 1 x 0 Vasco; 3 x 0 e 1 x 0 Bonsucesso; 2 x 1 Fluminense e 2 x 0 Botafogo. Além disso, o Flamengo ainda foi o campeão dos juvenis e o vice dos aspirantes, neste perdendo o título, para os botafoguenses, por apenas um ponto.

A história completa desta saga rubro-negra está contada no livro “Flatenário”, que o editor do Candangol, Gustavo Mariani, lança, hoje, em livro eletrônico, que pode ser comprado, por R$ 25,00, pelo endereço deste blog e, também, pelo e-mail gustavomariani@ig.com.br.

6 DE DEZEMBRO DE 2009: FLAMENGO, HEXACAMPEÃO NA BOLA

O Flamengo tem cinco ou seis títulos do Campeonato Brasileiro de Futebol da Série A? Para a Confederação Brasileira de Futebol-CBF, os rubro-negros cariocas são “penta”, como se acostumou qualificar números de conquistas, ainda que não sejam consecutivas. A entidade imputa ao Sport Recife a taça do Nacional de 1987.

Toda essa disputa é culpa da própria CBF. Tudo porque ele anunciou que não teria dinheiro suficiente para promover a competição daquele ano, levando os “grandes” a criarem o Clube dos 13 – 11.07.1987 – que conseguiu os patrocínios da TV Globo, da Varig e da Coca-Cola, e criou a Copa União, para a qual foram convidados o Santa Cruz, dono da maior torcida, em Pernambuco, o Coritiba, também com a mesma consideração, no Paraná, e o Goiás, o principal do Centro-Oeste.

Após muitas discussões, em 3 de setembro, CBF e Clube dos 13 definiram um torneio, com 32 times. Os 16 maiores ficaram num grupo, o módulo verde, e a outra metade, garimpada no ranking “cebeefiano”, no tal de módulo amarelo, sendo que o campeão sairia do primeiro. Depois, dois vencedores de cada disputa disputariam as então duas vagas brasileiras à Taça Libertadores.

Tudo certo? Nem tanto. Embora a organização da Copa União estivesse à cargo do Clube dos 13, quando a bola rolava, a CBF decidiu, unilateralmente, que o campeão do quadrangular seria, também, o campeão nacional. Foi, então, quando “grandes” negaram-se a aceitar a ditadura e esta história de quem é o campeão de 1987 começou.

Com 1 x 1, no Beira-Rio, e 1 x 0, no Maracanã, o Flamengo ganhou o módulo verde. O Sport venceu a outra série, com 0 x 2, 2 x 0, 0 x 0, 1 x 1 e 1 x 0, contra o Guarani, de Campinas, disputa iniciada em 6 de dezembro de 1987 e que só foi terminar em 7 de fevereiro de 1988. No meio dessa confusão, houve prorrogação – após o 0 x 0 – disputa por pênalti, terminada em 11 x 11 e até os presidentes dos dois clubes – Homero Lacerda, do Sport, e Leonel Martins de Oliveira, do Bugre – dividindo o título, com um aperto de mãos, para a imprensa registrar.

Na lógica, o Sport não conseguiria tirar o título brasileiro do Flamengo. Não tinha time para aquilo. Por isso, para o torcedor, no gramado, o campeão é o Fla. Mas, como a questão não terminava, em 1997, o Sport e o Clube dos 13 pediram à CBF para reconhecer dois campeões e dois vices. Em 1988, o Conselho Nacional de Desportos, órgão máximo do esporte brasileiro da época, com funções executivas, legislativas e judiciárias, reconhecia o Flamengo como o campeão, afinal disputara um campeonato de primeira divisão – contra Vasco, Fluminense, Botafogo, Corinthians, São Paulo, Palmeiras, Santos, Grêmio, Internacional, Cruzeiro, Atlético-MG, Bahia, Santa Cruz, Coritiba e Goiás –, enquanto o Leão da Ilha enfrentara Atlético-PR, Atlético-GO, América, Bangu, Ceará, Criciúma, Guarani de Campinas, Inter de Limria-SP, Joinville, Portuguesa de Desportos, Treze de Campina Grande-PB, Rio Branco de Vitória-ES e Vitória da Bahia.

Favorável, também, ao Flamengo, vale ressaltar que o seu campeonato teve média de público, de 44 mil pagantes, ao passo que os times do módulo amarelo não alcançaram a média de oito mil pagantes por partida. Na final, entre Fla x Inter, 91.034 torcedores foram ao Maracanã. Sport e Guarani, cuja “final da CBF” foi em Salvador, teve assistência de 26.282 pagantes. Portanto, na bola, o campeão é o Flamengo.

CAMPANHA DO HEXA - Campeão brasileiro, em 1980, 82, 83, 87 e 92, o Flamengo começou o Brasileirão-2009, ano em que o Rio de Janeiro comemora os seus 444 anos de vida, desacreditado, como em 1965, quando conquistou o título do futebol carioca da temporada em que a Cidade Maravilhosa celebrava o seu IV Centenário.

Embora tivesse sagrado-se campeão estadual em 2009 – o seu pentatri –, o time rubro-negro não acertava, no certame nacional, dirigido pelo técnico Cuca, que desacertava-se com o grupo e saía, para satisfação geral. O auxiliar-técnico Andrade, ex-volante da geração rubro-negra mais vencedora, a da década-80, assumiu o comando e arrumou a casa.

Nos dois primeiros jogos, o Flamengo decepcionou. Perdeu do Cruzeiro, por 0 x 2, e empatou, por 0 x 0, como Avaí, ambos em casa. Alentou sua torcida, em seguida, vencendo o Santo André, fora, e o Atlético-PR, no Maracanã, pelo mesmo placar: 2 x 1. Contra o “Furacão”, houve a estréia do ”Imperador” Adriano, que marcou um gol foi um dos principais responsáveis pelo título, inclusive, sendo o artilheiro do campeonato, com 19 gols, empatado com Diego Tardelli, do Atlético-MG. Desmotivado do futebol, o qual ameaçara abandonar, após deixar a italiana Internazionale, Adriano reencontrou a alegria na Gávea, para ser o melhor de sua posição no campeonato, além de voltar à Seleção Brasileira.

Depois da vitória, sobrte o Furacão, no entanto, o Fla voltou a se complicar. Perdeu, por 2 x 4, do Sport Recife, e foi goleado, por 0 x 5, pelo Coritiba. Descontou em cima do Internacional, com 4 x 0 e três gols de Adriano. Mas não sequenciou o bom momento. Irregular, a seguir, ficou no 0 x 0, com o Fluminense, e venceu o Vitória, por 2 x 1, em 4 de julho.

Dali por diante, o Flamengo viveu um “inferninho astral”, até 30 de julho, quando venceu o Atlético-MG, em casa, por 3 x 1. Antes, amargou 2 x 2 São Paulo (fora); 1x 2 Palmeiras (em casa); 2 x 2 Botafogo e 1 x 1 Barueri (em casa). Fez 2 x 1 sobre o Santos (fora) e encerrou o turno, ainda, irregular: 1 x 1 Náutico (em casa); 2 x 3 Goiás; 1 x 0 Corinthians e 4 x 1 Grêmio.

Oito vitórias, em 19 jogos, não era mesmo um cartel recomendável a um campeão estadual. Tanto que o Flamengo beirou a zona de rebaixamento, despencando até um decepcionante 14º lugar. Porém, no returno, as coisas mudaram. O time cresceu, com a efetivação, como titular, do meia-atacante veteraníssimo Petkovic, que vinha entrando no decorrer das partidas, e das chegadas do zagueiro Álvaro, dispensado, pelo Internacional, e do cabeça-de-área chileno Maldonado. Vale ressaltar quem, Petkovic, contratação muito criticada, voltara ao clube só para acerar uma antiga dívida.

Enfim, no returno, os rubro-negros perderam, apenas, dois jogos: 1 x 2, frente ao Cruzeiro, no Mineirão, e 0 x 2 Barueri, também fora. Empataram quatro – 0 x 0 Atlético-PR (fora); 0 x 0 Internacional (fora); 3 x 3 Vitória (fora) e 0 x 0 Goiás (em casa) – e venceram as demais partidas: 3 x 0 Avaí; 3 x 0 Santo André; 3 x 0 Sport; 3 x 0 Coritiba; 2 x 0 Fluminense; 2 x 1 São Paulo; 2 x 0 Palmeiras (fora); 1 x 0 Botafogo; 1 x 0 Santos; 3 x 1 Atlético-MG (fora); 2 x 0 Náutico (fora); 2 x 0 Corinthians (fora) e 2 x 1 Grêmio.

Assim, com 67 pontos, contra 65 de Internacional e São Paulo, e 62 de Cruzeiro e Palmeiras, os melhores classificados, o Fla chegou ao hexa. Candangol homenageia a torcida rubro-negra carioca, contanto os principais fatos da história inicial do clube da Gávea, que fará 115 anos de existência, em 2.010. Leia abaixo.

PONTO DE PARTIDA - Esta é uma história que só foi possível graças ao sonho de um grupo de jovens sem muito dinheiro e a uma briga alheia. Explica-se: o século 19 caminhava para fechar a sua história, quando três rapazes – Nestor de Barros, José Agostinho Pereira da Cunha e Mário Spíndola – amadureceram a idéia de convidar outros amigos para fundarem um grupo de regatas. Clube neste sentido, nem pensar. Foi por ali que tudo começou.

No dia 17 de novembro de 1895, a galera criou o Grupo de Regatas Flamengo, mas com certidão de nascimento atrasada em dois dias, afinal o 15 de novembro era um feriado nacional, o da proclamação da república, e nenhum carioca que prezasse a sua história desprezaria as alegrias de um dia como aquele, no Rio de Janeiro. Tudo bem, ninguém contra.

Grupo regateiro formado, a primeira reunião para a escolha dos padrinhos ocorreu em 22 do mesmo mês, no prédio de número 22, da Rua do Russel. Ali, no mesmo dia, formou-se a primeira diretoria “auri-azul”. Sim, isso mesmo! O Flamengo não nasceu rubro-negro. Trocaremos de cores daqui há poucas linhas. Pois bem! Democraticamente, escolhidos o primeiro comando do Grupo de Regatas Flamengo ficou assim: presidente – Domingos de Azevedo Marques; vice-presidente – Francisco Lucci Colás; secretário – Nestor de Barros, e tesoureiro – Felisberto Laport, pouco depois substituído por José Agostinho Pereira da Costa. Ainda participaram daquela primeira reunião, os futuros rubro-negros Desidério Guimarães, José da Cunha Meneses, Maurício Rodrigues Pereira, Napoleão Coelho de Oliveira, Carlos Sardinha, José Maria Leitão da Cunha, George Lenziger, Emídio José Barbosa, Nestor Barros e José Agostinho Pereira da Cunha.

Cheios de coragem, os rapazes toparam pagar a fortuna, para a época, de 180 mil réis pelo aluguel da sede, e fixaram a cota de 5 mil réis para a mensalidade, e de 10 mil réis para a taxa de inscrição. Rápido, o Flamengo comprou, por 300 mil réis, o barco “Pheruzza”, e, pouco depois, o “Scyra”, que pertencia à Union des Canotiers. O sonho era grande, mas, na estréia, os rapazes “naufragaram”. Sentiram enjôo, passaram mal e nem cruzaram a linha de chegada. Foi em 5 de dezembro, 18 dias após a fundação real do grupo de regatas. Osrepresentantes históricos – José Félix (patrão), Mário Espínola (voga), Maurício Rodrigues Pereira (sota-voga), Felisberto Laport (sota-proa) e Nestor de Barros (proa) – disputaram, com o barco Scyra, uma prova oficial, organizada pelo Grupo de Regatas Gragoatá. A primeira vez foi decepcionantes, mas os rapazes tinham saúde explodindo nas veias e uma vontade imensa de conquistar o infinito. Levaram 21 anos tentando, até que, em 1916, o Flamengo conquistaria o seu primeiro título: no braço e nas águas da baía de Guanabara.

MUDANÇA DE CORES - Estava escrito que o Flamengo teria que ser rubro-negro. Pra começar, o seu primeiro uniforme, nas cores ouro e azul-celeste, caiu, de cara, fora da raia . À primeira lavagem, desbotou-se, completamente, ficando irreconhecível. O jeito foi mudar a cor das camisas, o que ocorrera na assembléia realizada em 23 de novembro de 1896.Por sugestão do fundador Nestor de Barros, durante a primeira emenda aos estatutos do Grupo de Regatas Flamengo, as jaquetas passaram a ser pretas, inserindo-se nelas duas âncoras vermelhas cruzadas – olha aí o rubro-negro pintando!

Então, graças a um desastre aquático, pode-se imaginar que, quem nasceu para ser rubro-negro jamais escaparia do seu destino eterno. Só que, no futebol, foi uma batalha para o time vestir-se naquele tom. Vamos conferir?

O FUTEBOL - Os clubes cariocas se pegavam no pé, desde 1906, enquanto o Flamengo só saía no braço. Foi, então, que o time campeão de 1911, o Fluminense, decidiu mandar para a reserva o centroavante do seu time principal - e também diretor – Alberto Borgerth . O carinha e a sua patota não toparam nem um pouquinho aquele lance. Assim que levantaram o caneco da temporada, eles abandonaram o campeão e foram fundar a seção de futebol do Flamengo, clube pelo qual Borgerth já patroava guarnições de remo. Um perfeito golpe de mestre da malandragem.

O diretor de regatas flamenguista, Sousa Mendes, junto com outros diretores – Pimenta de Melo, Edmundo Furtado e Virgílio Leite – ficaram “de cara” com aquela onda. A galera do Flu, querendo armar um lance em cima do Fla! Tinha coisa. Foi aí que Borgerth sacou: “Qual é! O Flamengo vai receber, sem gastar um tostão e sem fazer nenhum esforço, os mais famosos “players” do Rio de Janeiro. Só “cracks”, a patota campeã carioca de 1911”.

Colou! Colou, legal. Quem diria? O Fla, filho do Flu, um dos seus maiores “inimigos”. Mas aconteceu. Aconteceu e valeu. Foi um presente à torcida brasileira, pois a partir de 24 de novembro 1911, o futebol chegava ao Flamengo. Da noite para o dia, além de Borgerth, viraram a casaca e se tornaram flamenguistas: Armando de Almeida, o Galo; Orlando Sampaio Matos, o Baiano; Emmanuel Nery; Ernesto Amarante; Gustavo de Carvalho; Lawrence Andrews; Othon Baena de Figueiredo; e Píndaro de Carvalho Rodrigues.

Para o Flamengo rolar a bola, Borgerth queria que fosse com camisas rubro-negras, com listras horizontais, embora se usasse verticais, na época. Criado o impasse, inventaram jaquetas com quadrados rubro-negros, um autêntico tabuleiro de xadrez, que ganhou logo o apelido de “papagaio de vintém”, por lembrar as pipas que os garotos empinavam no céu carioca. Mas, como o time andou pisando na bola, em 1913, o “papagaio de vintém” foi considerado agourento e expulso de campo no dia em que o clube completou a maioridade, vencendo o então campeão carioca, o América, por 1 x 0. Só que com, camisas de “cobra-coral”, um novo modelo, com listras horizontais e pequenas faixas branco, separando o vermelho do preto. Finalmente, em 1918, por causa da primeira guerra mundial, o Flamengo ficou rubro-negro, pois teve de abdicar do tricolor preto-vermelho-branco, que o deixavam igual à bandeira da Alemanha nazista. Mas pintou uma outra guerra. A rapaziada do remo, que criou a fama do clube, com muitas vitórias no mar, achava futebol era coisa de “boiola”, e não permitia que a turma do novo esporte usasse camisas iguais as deles.

PRIMEIRO JOGO - O Flamengo rolou “gorduchinha”, pela primeira vez, em 3 de maio de 1912, com nove ex-jogadores do Fluminense. O “match” foi no “field” da Rua Campos Sales, no Rio de Janeiro, e já valendo pelo Campeonato Carioca, promovido pela Liga Metropolitana de Sports Athléticos. Com arbitragem de João Evangelista. B. Duarte, em grande estilo, a rapaziada sapecou 16 x 2 no Mangueira, clube que não existe mais. O time jogou com Baena; Pínda, Nery, Curiol, Gilberto, Galo, Baiano, Arnaldo, Amarante , Gustavo e Borgerth, e os gols foram marcados por Gustavo (5), Amarante (4), Arnaldo (4), Borgert (2) e Galo.

Naquele ano, o futebol carioca teve dois campeonatos, um promovido pela Associação de Football do Rio de Janeiro, criada pelo Botafogo, junto com clubes de menor expressão, e o da Liga Metropolitana de Sports Athléticos. Em seu primeiro ano de bola rolando, o Flamengo já foi vice-campeão carioca, obtendo nove vitórias em 13 jogos. Sofreu a primeira derrota no dia 9 de maio, por 2 x 1, ante o campeão do ano, o Paysandu, e perdeu o primeiro Fla-Flu, em 7 de julho, por 3 x 2. Mas vingou-se no returno, em 27 de outubro, com uma goleada, por 4 x 0.

O primeiro campeonato disputado pelo Flamengo teve dois turnos, com todos jogando contra todos – América, Bangu, Flamengo, Fluminense, Mangueira, Paysandu, Rio Cricket e São Cristóvão – e o time ainda empatou com o Paysandu e o Rio Cricket, ambos no returno e por 1 x 1. As outras vitórias foram: 14 x 0 Mangueira; 6 x 3 e 1 x 0 América; 7 x 4 Bangu; 4 x 0 Rio Cricket; 5 x 0 e 3 x 0 São Cristóvão.

PRIMEIRO AMISTOSO - Entre os meses de maio de 1912 e 1913, o Flamengo havia disputado 28 partidas, todas oficiais. Foi, então, que o clube decidiu realizar o seu primeiro jogo amistoso. O adversário escolhido foi a Associação Atlética Mackenzie College, de São Paulo, que tinha times mais fortes do que os cariocas, além de ser considerado, por muitos historiadores, o primeiro clube brasileiro fundado (18/8/1898) para a prática do futebol.

O primeiro amistoso do Flamengo constituiu-se num grande acontecimento no Rio de Janeiro. Os paulistas hospedaram-se no Hotel Avenida, o maior do país, e seguiram para o estádio da Rua General Severiano, que encontram lotado, em carros abertos, saudando os cariocas, pelo caminho. Foram eles quem abriram o placar, por intermédio de Renato, aos 19 minutos, após receber passe de Campos Mello. Mas o Flamengo não desanimou. Lutou muito para empatar, o que conseguiu aos 39 minutos, ainda na primeira etapa, quando Raul fez um cruzamento para a área, e Riemer cabeceou para as redes.

No começo do segundo tempo, a torcida flamenguista vibrou mais ainda. Logo aos seis minutos, Riemer voltou a marcar, colocando os cariocas na frente do marcador. Era demais o que se via em campo. Mas não deu pra segurar. Aos 31 minutos, Ângelo cometeu pênalti sobre Demósthenes, e Campos Mello cobrou certinho, fixando o resultado em 2 x 2.

O Flamengo jogou com: Baena, Gilberto e Nery; Milton, Galo e Ângelo; Baiano, Arnaldo, Zé Pedro, Riemer e Raul. O Mackenzie teve: Arrizabalaga; Orlando e Olsni; Mloura Campos Mello e Zocchi; Bruno, Demóstenes, Bicudo, Renato e Godinho.

PRIMEIRO JOGO FORA DO RIO DE JANEIRO - A primeira aventura interestadual do Flamengo foi da pesada. Enfrentou o campeão paulista de 1914, o São Bento, que deu uma de malandro: saiu catando pelos times paulistanos os melhores jogadores que estudavam no colégio que representava, e formou uma equipe fortíssima. Inclusive, um dos recrutados pelo anfitrião foi o centro-médio (hoje, volante) Sylvio Lagreca que, um ano antes, entrara para a história da Seleção Brasileira, como herói na campanha do título da Copa Roca, conquistada diante dos argentinos, dentro de Buenos Aires.

Era 26 de abril de 1915 e o Flamengo pintou no campo do Velódromo paulistano diante de uma Associação Atlética São Bento que era uma verdadeira seleção. Com 10 minutos de jogo, Fritz marcou o gol da vitória paulista, mas dali em diante a partida fora dura. O Flamengo lutou bravamente para chegar ao empate, mas não teve como igualar o placar. No entanto, os registros jornalísticos da época atribuíram a derrota, por apenas 1 x 0, talvez, devido o cansaço dos jogadores cariocas pela desgastante viagem.

O “match” foi apitado por um paulista chamado Gastão Rachou e o Flamengo jogou com Baena, Píndaro e Nery; Miguel, Parras e Galo; Bartô, Sidney Pullen, Borgert, Riemer e Paulo Buarque.

PRIMEIRO TÍTULO - A primeira faixa de campeão carioca pousou num peito rubro-negro em 1914. Já era hora, afinal o time vinha de dois vice-campeonatos. Tendo como time-base Baena, Píndaro e Nery; Ângelo, Miguel e Gallo; Arnaldo, Orlando, Borgert, Riemer e Raul, o Flamengo jogou 12 vezes, vencendo oito, empatando três e perdendo apenas uma. O time marcou 24 gols e sofreu 15. Riemer, com nove tentos, foi o principal artilheiro, enquanto os demais foram: Arnaldo (3); Gumercindo (3); Orlando (3); Zalacain (2); Borgert, Gallo, Joca e Píndaro, todos com um gol.

No campanha do primeiro título rubro-negro, o Campeonato Carioca teve dois turnos, no sistema todos contra todos, e os adversários rubro-negros foram América, Botafogo, Fluminense, Paysandu, Rio Cricket e São Cristóvão. A arrancada flamenguista rumo à taça começou no dia 10 de maio, com uma vitória, por 3 x 0, sobre o Rio Cricket. Zalacain, duas vezes, sendo uma de pênalti, e Riemer, fizeram os gols, todos no segundo tempo, e o time foi: Baena, Gilberto e Nery; Ângelo, Zalacain e Gallo; Orlando, Joca, Zé Pedro, Riemer e Raul. O jogo foi no estádio da Rua General Severiano e apitada por João Teixeira de Carvalho.

Animado pela bela vitória, os rubro-negros voltaram a campo, dez dias depois, no mesmo estádio, para enfrentar o Paysandu, mas tiveram muitas dificuldades para vencer o forte adversário, por apenas 1 x 0, com gol marcado por Gumercindo, no primeiro tempo. No dia sete de junho, ainda em General Severiano, um susto: empate, por 2 x 2, com o São Cristóvão - Riemer e Orlando marcaram os gols. Foi o único jogo rubro-negro naquele mês, pois a volta ao campeonato só correria em cinco de julho, ainda em General Severiano, com novo empate, pelo mesmo placar, com o Botafogo – Gumercindo e Orlando fizeram os gols.

Com dois empates consecutivos e uma vitória dificílima, nas rodadas anteriores, o Flamengo foi par ao seu quarto compromisso, em 14 de julho, precisando mudar de vida, se quisesse ser campeão. Encarou o América, no estádio da Rua Campos Sales, mas ainda venceu, apertadamente, por 2 x 1. Mas foi uma vitória na raça, de virada, no segundo tempo, com gols marcados por Píndaro e Arnaldo. Pra encerrar o primeiro turno, nada melhor que vencer o Fluminense, no estádio tricolor, nas Laranjeiras: 3 x 2, no dia 26 de julho, com gols marcados por Riemer (2), sendo um de pênalti, e Gumercindo. Além do mais, aquele era o terceiro Fla-Flu da história, e o Flamengo desempatava a contagem. Se perdera o primeiro, por 3 x 2, e vencera o segundo, por 4 x 0, agora pulava na frente, devolvendo ao rival o placar do primeiro clássico.

Cheio de moral, com quatro vitórias e dois empates, o Flamengo credenciava-se a ser campeão, se bem que isso já o demonstrara desde o empate com o forte time paulista do Mackenzie, meses antes. E foi para o returno, estreando com a vitória, por 2 x 1, sobre o Rio Cricket, em jogo realizado em Icaraí , em Niterói. Com gols de Joca, no primeiro tempo, e Orlando, no segundo, o rubro-negro chegou a abrir uma boa vantagem no placar, mas não o conseguiu aumentar, naquele dois de agosto.

Depois de cinco vitórias e uma respeitável invencibilidade, o Flamengo teve o restante do mês para descansar. O retorno foi em 13 de setembro, com 1 x 0, sobre o América, em General Severiano, e gol marcado por Arnaldo, no primeiro tempo. No entanto, o grande cartel de vitórias seria interrompido no dia 12 de outubro, na derrota, 1 x 2, ante o Botafogo. O Fla até saíra na frente do placar, com um gol marcado por Gallo, no primeiro tempo, mas os botafoguenses viraram o placar, ainda na etapa, com dois gols de Fontenelle.

A derrota não deixou de abater os rubro-negros, principalmente porque eles haviam aberto o placar e, depois, permitido que o adversário o virasse. Mas eles teriam, praticamente, duas semanas para a recuperação. Esta aconteceu, em 25 de outubro, nas Laranjeiras, com outra vitória difícil sobre o Paysandu: 1 x 0, com gol de Riemer, no segundo tempo, e mesmo placar do primeiro turno. O título se aproximava. Faltavam duas partidas. A penúltima foi contra o grande rival, Fluminense, em 15 de novembro, data em que o Flamengo completava quatro anos de fundação. Para os tricolores, vence era questão de honra, pois já haviam perdido dois jogos consecutivos para um time que mal saíra das fraldas, e a hora de igualar o duelo era aquela. Então, os dois rivais foram para General Severiano, e fizeram um primeiro tempo duríssimo. Borgerth, que saíra do Flu, brigado, para fundar o futebol do Fla, vingara-se da antiga casa com um gol abridor do placar, no primeiro tempo. Porém, os rubro-negros não conseguiram virar a etapa em vantagem. Osvaldo empatou. Mas o Flamengo tinha Riemer, seu grande goleador, para liquidar com as pretensões do Flu, no segundo tempo. Agora, o placar do Fla-Flu era 3 x 1 para os rubro-negros, depois daquela grande vitória, por 2 x 1.

Finalmente, veio o jogo de 22 de novembro de 1914. A partida foi no estádio das Laranjeiras e o Flamengo tinha por adversário o São Cristóvão. Até o empate servia para ser campeão. E não deu outra: num jogo emocionante, de muitos gols, os dois times terminaram empatados, por 4 x 4, e no apito final de Mário Pernambuco, o Rio comemorava o primeiro título rubro-negro. O primeiro flamengo campeão formou com Baena, Píndaro e Nery; Ângelo, Miguel e Gallo; Arnaldo, Borgerth, Orlando, Riemer e Raul. Os gols do título foram marcados por Arnaldo e Riemer, no primeiro tempo, e, novamente Riemer, com mais dois tentos, na segunda etapa.

Do primeiro time campeão pelo Flamengo, Armando de Almeida, o Gallo, que jogava de centro-médio; Emmanuel Augusto Nery, zagueiro, e Raul Vieira de Carvalho, atacante, participaram dos 12 jogos. O goleiro Othon de Figueiredo Baena atuou uma partida a menos, pois nos 2 x 2 de sete de julho, contra o São Cristóvão, pois Cazuza fora o titular da camisa de número 1. O goleador Ricardo Riemer, que marcara o mesmo número de tentos que Harry Welfare, do Flu, e Ojeda, do América, disputou dez jogos, junto com os também atacantes Arnaldo Machado Guimarães e Orlando Sampaio Mattos. Um jogo a mais do que o médio (como se fora, mais ou menos, um quarto-zagueiro, atualmente) Ângelo Pinheiro Machado. O outro médio do time, Miguel Archanjo Coutinho, e o zagueiro Píndaro de Carvalho, fizeram oito jogos. O atacante Alberto Borgert, principal responsável pela criação do futebol rubro-negro, esteve em campo por sete vezes, enquanto Gumercindo Othero, outro atacante, vestiu a camisa rubro-negra em cinco compromissos. Jogaram menos, três vezes: Coriolano Paulo Nery, oi médio Curiol; Gilberto Toledo Lopes, zagueiro, e o atacante João Figueiredo, o Joca; dois jogos: os zagueiros Antônio Carneiro Campos, o Antonico, e Mílton Nabuco Alves, e o atacante José Pedro de Carvalho, o Zé Pedro. Em apenas uma partida, entraram: Carlos de Freitas Lima, o goleiro Cazuza;o atacante José Pereira Lima, o Pereira Lima, e o médio Ernesto Amarante, o Zalacain.

Por aquele tempo, os times eram dirigidos pelo que se chamava “ground committee”, um colegiado que o escalava, e o flameguista era liderado por Alberto Borgerth. Como primeiro presidente campeão, o Flamengo teve Edmundo de Azurém Furtado.

TÍTULO INVICTO - Não havia como contestar: o Flamengo chegara para arrasar no futebol carioca. Vice-campeão, em 1912/13, com seu primeiro quadro; campeão, nos mesmos anos, com o segundo time, e carregador da taça de 1914, com a sua primeira representação, a instituição virava uma mística de amor e raça, amor acima de tudo, como demonstrava o “half-back” (espécie de lateral) Curiol, que remava e jogava futebol pelo clube.

O time do bi pouco mudou. Baena, Píndaro e Nery continuaram formando o chamado “trio final”; Galo seguiu “half-back”esquerdo (lateral); Borgerth (centroavante), Riemer (meia-esquerda) e Raul (ponta-esquerda) continuaram na “linha), enquanto as modificações ficaram por conta da entrada de Curiol, como “half-back”, pela direita; da maior utilização de Sydney Pullen, do que de Ângelo, na intermediária, e os deslocamentos de Baiano (Orlando Sampaio Matos), para a ponta direita, e de Gumercindo, para a meia direita.

Com aquela galera, o Flamengo conquistou o seu primeiro título invicto, o estadual de 1915, vencendo sete e empatando 5 jogos. Marcou 35 e sofreu 11 gols. A formação base foi: Baena, Píndaro e Nery; Curiol, Galo e Sidney Pullen; Orlando, Borgerth, Riemer, Pulo Buarque e Raul. No torneio de dois turnos, os resultados foram: (turno) 2 x 2 Rio Cricket; 5 x 0 Fluminense; 5 x 0 São Cristóvão; 2 x 1 Botafogo; 4 x 2 América; 4 x 0 Bangu; (returno) 5 x 2 Rio Cricket; 1 x 1 Fluminense: 0 x 0 São Cristóvão; 0 x 0 Botafogo, 2 x 2 América e 5 x 1 Bangu.

PRIMEIRO JOGO INTERNACIONAL - O debut internacional do Flamengo foi no dia 10 de maio de 1917, no campo da Rua Paysandu, contra o Sportivo Bararcas, da Argentina, que viera fazer dois jogos amistosos com a Seleção Brasleira. Foi outro grande acontecimento naquele Rio antigo, com muita gente no Cais Pharoux, na Praças XV, aguardando a chegada do vapor Lquana. Sobrou aplausos par os “hermanos” assim que eles desembarcaram, trazendo como grande atração o zagueiro Arturo Schiarretta, da seleção argentina.

No jogo, o Flamengo esteve perto de balançar as redes, logo no início da partida, mas a grande escola de goleiros argentino contava naquele dia com Carlos Muttoni que fechou o gol. No entanto, naos22 minutos do primeiro tempo, o goleirão não teve salvar a pátria de um vexame. E o rubro-negro carioca marcou o seu primeiro golo internacional. Carregal executou um cruzamento para a área, onde estava Gustavo, no lugar certinho, para levantar a galera. No segundo tempo, o Barracas empatou logo aos oito minutos, com uma cabeçada de Filorito, após cobrança de falta por José Medina. E por 1 x 1 o jogo terminou.

Para aquela partida, o Flamengo contou com a participação do melhor jogador do futebol brasileiro de então, Arthur Friendenreich, El Tigre, emprestado pelo Ypiranga, de São Paulo. E o craque mostrou porque tinha tanto cartaz. Partida duríssima, faltando cinco minutos para o encerramento, ele subiu mais do que a defesa argentina durante um cruzamento para área e mandou a bola nas redes. Pena que o árbitro Guilherme White vira Salema cometendo falta sobre o goleiro Muttoni enquanto El Tigre mordia. E anulou o gol, para decepção da torcida.

O primeiro Fla internacional foi: Baena, Antonico e Nery; Japonês, Sidney Pyullen e Galo; Carregal, Friendenreich, Salema, Gustavo e Riemer.

O CLÁSSICO DOS MILHÕES - O Flamengo duela com o Vasco da Gama desde 1923, mas o “Clássico dos Milhões”, o mais mitológico do futebol brasileiro, só foi surgir em 1944, quando os dois lados se tornaram “superinimigos”. Ao longo desses 86 anos de “pegas gerais”, cruzmaltinos e rubro-negros se toparam em 23 decisões emocionantes, que mexeram com o país inteiro.

Na primeira delas, a de 44, um fato ficou marcante na história flamenguista. O atacante argentino Valido, que abandonara a bola, um ano antes, fora convencido, pelo técnico Flávio Costa, a disputar a decisão. Inscrito, como amador, fez o gol do título, aos 41 minutos do segundo tempo, fato que os vascaínos reclamam, até hoje, garantindo, que o gringo se apoiara em Argemiro, para cabecear a bola fatal. Mas só ficaram no choro, diante de 20.308 torcedores espremidos no estadinho da Gávea.

Os dois times levaram 14 anos para voltar a participar de uma decisão apaixonante. Aconteceu já na “Era-Maracanã”, naquele que ficou sendo chamado de “Supersuper Campeonato Carioca”, tendo em vista que os dois rivais, e mais o Botafogo, se igualaram e tiveram que disputar dois triangulares. A final foi Vasco 1 x 1 Flamengo, no dia 17 de janeiro de 1959, mas valendo o título de 1958. Roberto Pinto fez o gol vascaíno e Babá empatou para o Fla. Daquela vez, as faixas de campeão foram para São Januário, com a turma do técnico Gradim.

Empatados nos duelos, a terceira grande decisão demorou mais: 25 anos. Foi dia 6 de maio de 1973 e levou 100.342 torcedores ao Maracanã. Valia pela Taça Guanabara, num tempo em que Zico e Roberto Dinamite, os dois maiores ídolos das histórias dos dois clubes, ainda eram reservas. Com um gol do ponta-esquerda Arílson, aos 30 minutos do primeiro tempo, o Fla levou esta, dirigido por Mário Jorge Lobo Zagallo.

O Vasco deu o troco, em 1976, novamente em uma decisão de Taça GB, daquela vez com jogo extra e prorrogação. No tempo normal, Roberto Dinamite converteu um pênalti que ele sofrera, cometido por Rondinelli, que lhe dera uma cotovelada fora do lance, irresponsavelmente, com apenas seis minutos de jogo. O Fla empatou no segundo tempo, com Geraldo Assoviador, levando a decisão para os pênaltis. Resumo: os cracaços rubro-negro Zico e Geraldo desperdiçaram as suas cobranças e o goleiro vascaíno Mazaroppi virou herói, junto com o apagado Luís Augusto, executor do pênalti que selou a vitória cruzmaltina.

Em 1977, o Vasco repetiu o feito, batendo o rival nos pênaltis. Mas a decisão valia pelo segundo turno do campeonato estadual, que tivera o primeiro vencido pelos vascaínos. O novo duelo foi em 28 de setembro e o “Maraca” espremeu 152. 059 pagantes. Tita perdeu a suia cobrança de penal, e o Dinamite encerrou a história na última cobrança.

O troco do Flamengo veio em três decisões consecutivas, as 1978, 81 e 82, quando ele tinha o melhor time do mundo. Em 3 de dezembro de 78, o jogo caminhava para o 0 x 0, com o Fla campeão do primeiro turno e jogando pelo empate. Aos 41, Zico cobrou escanteio e o zagueiro Rondnelli enfiou a cabeça na bola para carregar a taça, diante de 120.433 torcedores.

Emoções maiores só em 81, quando o ladrilheiro Roberto Passos Pereira invadiu o gramado do Maracanã e esfriou reação vascaína. O Fla ganhara dois turnos, o Vasco um e precisava vencer três jogos extras para ser campeão. Venceu os dois primeiros, por 2 x 0 e 1 x 0, e foi com tudo para o terceiro. Com o Maracanã recebendo 169.989 fanáticos, Adílio e Nunes marcaram para o Flamengo, e Tição para o Vasco. Mais uma festa rubro-negra, repetida no ano seguinte, quando o meia Adílio fez uma bola passar entre a trave direita e o goleiro Mazaroppi, no último lance do jogo disputado em 23 de setembro de 82, sob as vistas de 100.967 expectadores. Naquele dia, o Fla carregava a Taça GB.

Em 1986, começava a “Era-Romário e as faixas de campeão carioca voltaram a São Januário, na decisão da Taça GB. No dia 20 de abril, um baixinho marrento, de 20 anos, marcava os dois gols dos 2 x 0 vascaínos, testemunhado por 121.039 torcedores. Mas o Fla tinha Bebeto, do outro lado, para o técnico Sebastião Lazaroni dar a volta sobre o delegado Antônio Lopes e rir por último. O título do ano foi decidido em três jogos. Após dois 0 x 0, na partida de 10 de agosto, com 127.806 torcedores no Maracanã, o “Baianinho” cravou o primeiro gol e, pra completar, o goleiro vascaíno Acácio engoliu uma “avestruz” em um chute fraco de Júlio César, de fora da área. Festa rubro-negra.

Em 1987, o Vasco fez um campeonato muito melhor do que o rival, mas foi este que levou o título que marcou o fim das decisões entre Zico e Roberto Dinamite. Era o dia 9 de agosto e, diante de 114.628 pagantes, novamente Lazaroni derrubou Lopes, graças a um gol de Titã, no final do primeiro tempo. Em 88, no dia 22 de agosto, foi a vez de Cocada passar 120 segundos na história e desaparecer em seguida. Entrando em campo a dois minutos do final do jogo, no lugar do atacante Vivinho, com uma “pancada”de fora da área, o lateral-direito fez o gol da vitória vascaína, foi expulso em seguida e saiu de campo campeão.

Encerradas as eras-Zico-Roberto Dinamite, Vasco e Flamengo levaram 11 anos para emocionar a galera em uma nova decisão. Na final do campeonato de 1999, após 1 x 1 no primeiro jogo, Rodrigo Mendes, cobrando falta de fora da área, aos 31 minutos do segundo tempo, e deu o título ao Fla, perante 80.590 torcedores, em 19 de junho. Foi do jeito que o diabo gosta: a bola bateu em Nasa e enganou o goleiro Carlos Germano.

Em 200, foi humilhante. Romário estava endiabrado e fez três gols nos 5 x 1 completados por Pedrinho e Felipe, decidindo a Taça Guanabara, diante de 53.750 torcedores. Era 23 de abril e pintou o rebu quando o vascaíno Pedrinho resolveu fazer embaixadinhas diante dos rubro-negros. O clássico terminou com seis expulsões de campo e o Vasco campeão. O Fla se vingou na decisão da temporada: 3 x 0 no primeiro jogo e 2 x 1 no segundo, este testemunhado por68.043 pagantes. Foi a primeira final carioca transmitida ao vivo pela TV para a Cidade Maravilhosa.

E teria mais Fla no pedaço comemorativo. Em 2001, após 57 anos, novamente o herói rubro-negro seria um gringo: o servio Petkovic. Decisão de temporada em dois jogos. Vasco 2 x 1 no primeiro e podendo perder por até um gol de diferença no segundo, em 27 de maio. Primeiro tempo 1 x 1. Aos 8 minutos da segunda fase, o “Capetinha” Edílson colocou o Fla na frente. Ainda estava bom para o Vasco. Estava até que Fabiano Eller fez uma falta desnecessária na entrada da área. Pet foi lá e mandou a bola no ângulo esquerdo da forquilha defendida pelo goleiro Élton, a dois minutos do final. Só restou ao Vasco pagar caro pela covardia de recuar para segurar o placar que lhe interessava. Fla 3 x 1 e taça na Gávea.

Mais duas decisões colocaram vascaínos e rubro-negros frente-a-frente. No sábado de carnaval de 2003, dia 1º de março, com o ridículo público de 25.780 pagantes, a turma da Colina arrebatou a Taça Guanabara, no empate por 1 x 1, e sapecou confetes e serpentinas dentro do Maracanã. Wellington Monteiro marcou para os campeões e Zé Carlos Baiano para o Fla. A penúltima decisão foi a do título estadual de 2004, em dois jogos. Após 2 x 1 no primeiro jogo, o Flamengo teve Jean inspirado e marcando três vezes nos 3 x 1 que lhe consagraram. Valdir Bigode descontou para o Vasco, que havia saído na frente, logo com dois minutos de bola rolando.

O último duelo foi pela decisão da Copa do Brasil de 2006. O Flamengo, que havia sido o campeão em 1990 vencendo o Goiás, na decisão, perdera duas finais, para o Cruzeiro em 2003, e o Santo André, em 2004. Daquela vez, não deu chances ao Vasco, que eliminara o Fluminense, nas semifinais.A primeira partida foi no Maracanã, em 19 de julho, e o Fla sapecou 2 x 0, com gols de Obina. O segundo jogo foi em 26 de julho e o Flamengo voltou a vencer, mas, por 1 x 0, com seu gol marcado por Juan. Mais um título em cima do maior rival.

domingo, 6 de dezembro de 2009

BRASILEIRÃO: DEZEMBRO, MÊS DE DECISÕES

Em quase a metade das vezes em que os títulos brasileiros foram definidos isso ocorreu ao final da temporada. Há, só, a controvérsia entre o campeão de 1987, Flamengo ou Sport Recife. Os cariocas se consideraram campeões, em 13 de dezembro, com 1 x 0, sobre o Internacional, enquanto os pernambucanos dizem que foram eles, mas já em 07.02.88, vencendo o Guarani, de Campinas-SP, por 1 x 0. Na Ilha do Retiro, em Recife. Mas isso é assunto para uma outra história.

Nos 10 primeiros Campeonatos Brasileiros, cinco decisões foram em dezembro, a começar pelas duas primeiras. A terceira – Palmeiras 0 x 0 São Paulo, com os alviverdes campeões – foi em 20 de fevereiro de 1974, valendo pelo título do ano anterior, e a quarta – Vasco 2 x 1 Cruzeiro – em 1ª de agosto, do mesmo 74. Os títulos de 1977 – deu São Paulo, nos pênaltis, contra o Atlético-MG – e de 1978 foram definidos no mesmo 1978, respectivamente, em 5 de março e 13 de agosto, data de Guarani, de Campinas 1 x 0 Palmeiras. Fechando o decênio, em 1º de junho de 1980, o Flamengo, com 3 x 2 sobre do Atlético-MG, levou o seu primeiro “caneco”.

TERREIRO DO GALO - A primeira finalísima foi numa tarde de domingo, no Maracanã, e o campeonato era chamado de Nacional. Deu Galo na cabeça. o Clube Atlético Mineiro venceu o Botafogo, por 1 x 0, com um gol do centroavante Dario, de cabeça, aos 13 minutos do segundo tempo, complementando um cruzamento, feito por Humberto Ramos.

Acompanhado, por cerca de 20 mil torcedores, os atleticanos pisaram no gramado precisando só empatar, pois já haviam “beliscado” o São Paulo, no Mineirão. Antes do jogo, o seu treinador, Telê Santana, avisou que a sua rapaziada trabalharia entre as duas intermediárias, só tocando a bola, em vez de sair matando, como sempre fazia. Tática: esperar pelo adversário indo com tudo pra cima, e apanhá-lo no contra-ataque. O lateral, Oldair, o volante Vanderlei, os meias Humberto Ramos e Lola, e os atacantes Ronaldo e Tião “Cavadinha” cumpriram bem o trato. Depois do gol, a turma recuou, em bloco, deixando somente o “Peito-de- Aço” brigando com os beques cariocas. Funcionou.

O Atlético-MG jogou com: Renato; Humberto, Grapete, Vantuir e Oldair: Vanderlei e Humberto Ramos; Ronaldo, Lola (Spencer), Dario e Tião. O Botafogo foi: Wendell; Mura, Djalma Dias, Queirós e Valtencir; Carlos Roberto e Marco Antônio (Didinho); Zequinha, Nei (Tuca), Jairzinho e Careca. Armando Marques apitou a partida, com renda de Cr$ 294.420,00 (cruzeiros), moeda da época.

PALMEIRAS NO GRAMADO - O segundo Brasileirão foi decidido nas vésperas do Natal. Em 23 de dezembro de 1972, o Palmeiras carregava a taça, com o empate, por 0 x 0, no Morumbi, com o Botafogo. Na verdade, título no Parque Antarctica era mais do que uma obrigação. Afinal, o “Verdão” ganhara cinco disputas na temporada, dirigido pelo técnico Osvaldo Brandão. Para se ter uma idéia do seu poderia, os botafoguenses reconheciam que os palmeirenses mereciam ser os campeões e que não tinham como vencê-los.

A final foi marcada pela tradicional catimba. Enquanto os alvinegros queriam o Morumbi, os alviverdes brigavam pelo Pacaembu, para ficarem mais próximos do barulho de sua torcida. Perderam na escolha, pela antiga Confederação Brasileira de Desportos – atual CBF, mas administraram bem o placar. Ademir da Guia segurou o adversário, levando seu time a jogar pelo regulamento. A partida foi feio, arrastado, mas o que os anfitriões queriam era comemorar.

O Palmeiras foi campeão, jogando com: Leão; Eurico, Luís Pereira, Alfredo e Zeca; Dudu (Zé Carlos) e Ademir da Guia; Edu (Ronaldo), Leivinha, Madurga e Nei. O Botafogo, treina por Sebatião Leônidas, foi: Cao; Valtencir, Brito, Osmar Guarnelli e Marinho Chagas; Carlos Roberto e Nei Conceição; Zequinha, Jairzinho, Fisher e Ademir (Ferreti). O gaúcho Agomar Martins apitou, a renda foi de Cr$ 649.5,00 e o público de 58.287 pagantes.

TAÇA NOS PAMPAS – Em 14 de dezembro de 1975, um gol, de cabeça, do zagueiro chileno Elias Figueroa, aos 11 minutos do segundo tempo, o Internacional venceu o Cruzeiro, por 1 x 0, no Beira-Rio, em Porto Alegre, e levou a taça, sem contestação.

Como o time gaúcho era fortíssimo, o treinador cruzeirense, Zezé Moreira, segurou os seus laterais, pois os ponteiros colorados, Valdomiro e Lula – este chegou a mandar uma bola na trave – , eram velozes e perigosíssimos. Do lado gaúcho, o técnico Rubens Minelli fechou-se aos contra-ataques mineiros, principalmente ao veneno do atacante Palhinha. Por sinal, para contê-lo, Figueroa acertou-lhe um cotovelaço, no nariz, o que não foi suficiente para minar-lhe o brio. Mas, heroísmos por heroísmos, o goleiro Manga, do Inter, também fez a sua parte: jogou o segundo tempo sofrendo dores musculares. Mesmo assim, segurou todas as bombas soltadas por Nelinho.

O Internacional levou aquela, por causa de: Manga; Valdir, Figueroa, Hermínio e Chico Fraga: Caçapava, Falcão e Paulo César Carpegiani; Valdomiro, Jair, Flávio e Lula. O Cruzeiro, do “Seu Zezé”, escalou: Raul; Nelinho, Morais, Darci Menezes e Isidoro: Wilson Piazza e Zé Carlos; Roberto Batata (Eli), Eduardo Amorim (Souza), Palhinha e Joãozinho. O paulista Dulcídio Vanderlei Boschilia apitou, a renda foi de Cr$ 1.743, 805, 00 e o público de 82.568 pagantes.

REPETECO COLORADO – O Internacional tinha, em 1976, indiscutivelmente, o melhor time brasileiro. Aliás, desde o ano anterior. Por isso, o Corinthians não foi páreo para os gaúchos na decisão de 12 de dezembro, quando o técnico Rubens Minelli privilegiava os atletas de maior estatura – sete dos seus titulares mediam 1m80cm.

Naquela tarde, de nada adiantou 15 mil corintianos comparecerem ao Beira-Rio, para gritarem pelo seu time. A festa colorada começou, aos 29 minutos do primeiro tempo, quando o centroavante Dario, o “Dadá Peito-de-Aço”, subiu mais do que o “xerifão” Moisés e cabeceou a bola, saída de uma falta, cobrada por Valdomiro, para o canto direito do goleiro Tobias, que nada pode fazer.

O Timão correu atrás do empate, chegou a dominar os minutos finais do primeiro tempo e os primeiros da etapa final, inclusive perdendo gols e chutando uma bola contra a baliza gaúcha. O Inter, porém, reagiu, aos 12, quando Valdomiro cobrou uma falta, para a bola bater numa das traves, quicar por 20 centímetros além da linha fatal e sair. O árbitro José Roberto Wright confirmou o gol, os corintianos, liderados pelo técnico Duque, ameaçaram sair de campo, mas catimba não adiantou. O Internacional levou a taça.

O Inter jogou com: Manga; Cláudio Duarte, Figueroa, Marinho e Vacaria; Caçapava e Batista; Valdomiro, Falcão, Dario e Lula. O Corinthians foi: Tobias; Zé Maria, Moisés, Zé Eduardo e Vladimir; Givanildo e Ruço; Vaguinho, Neca, Geraldo e Romeu. A renda atingiu Cr$ 3.200, 795,00 cruzeiros.

TRILEGAL, TCHÊ! – Em 23 de dezembro de 1979, o Internacional levou o seu terceiro troféu. Não teve nem graça. Os colorados mereciam um adversário, tal eram as suas qualidade técnica e superioridade, sobre o Vasco, treinado por Oto Glória e que precisava vencer a finalíssima, por 3 x 0.

Naquela temporada, o capitão já era Paulo Roberto Falcão, que deslumbrara platéias, durante as vitórias contra o Cruzeiro, no Mineirão, e o Palmeiras, no Morumbi, ambas pelo mesmo placar de 3 x 2, e o Vasco, por 2 x 0, no Maracanã. Ele fora o autor do segundo gol colorado, no domingo da final, num lance quase igual ao do primeiro gol.

Como o lateral-direito vascaíno, Orlando Lelé, subia demais ao ataque, abrindo espaços para Mário Sérgio trabalhar, o Internacional viu, por ali, o “mapa da mina”. Assim, aos 41 minutos, bola saída da esquerda teve disputa, entre Bira e Gaúcho, e sobra para Jair driblar o goleiro Leão e abrir o placar. Aos 13 do segundo tempo, novo cruzamento, da esquerda, nova trombada, de Bira, com a zaga, e rebote, para Falcão “matar”. O Vasco diminuiu o placar, aos 41, num chute, de longe, de Wilsinho. Falha incrível do goleiro paraguaio Benitez.

O “Intertri” foi: Benitez; João Carlos, Mauro Pastor (Beliato), Mauro Galvão e Cláudio Mineiro; Batista e Falcão; Valdomiro (Chico Espina), Jair, Bira e Mário Sérgio. Vasco: Leão; Orlando, Gaúcho, Ivã e Paulo César; Zé Mário e Paulo Roberto (Xaxá); Catinha, Roberto, Paulinho e Wilsinho e (Zandonaide). O árbitro foi José Favile Neto (SP) e a renda Cr$ 4. 524.850,00.

NUNCA EM SETEMBRO – Até em janeiro, quando os clubes estão em pré-temporada, já se decidiu um Brasileiro. Foi em 18.01.2001, mas valendo pela disputa de 2000, quando Vasco sapecou 3 x 1 no São Caetano-SP, no Maracanã. Definições só não ocorreram em setembro. Assim, como em 1987, naquele campeonato houve novas confusões e a disputa foi chamada de Copa João Havelange. Outro tema para uma matéria à parte.

Em outubro de 2007, com quatro rodadas de antecedência, o São Paulo mandou 3 x 0, pra cima do América-RN, e liquidou a disputa, que rolou até 02.12. Em novembro, com 2 x 1, sobre o Paysandu-PA, no Mineirão, o Cruzeiro conquistou o seu primeiro título, em 22.11.2003, enquanto a rodada final era em 14.12.

As outras finalíssimas de dezembro foram: 2004 – Santos campeão, com 2 x 1 sobre o Vasco, em 19.12; 2005 – Corinthians primeirão, mesmo perdendo, por 2 x 3, para o Goiás, em 04.12; 2006 - São Paulo ganhador, em 1 x 1, com o Atlético-PR, em 02.12; 2008 – São Paulo, com 1 x 0, sobre o Goiás, em 19.12, no Bezerrão, no Gama.

sábado, 5 de dezembro de 2009

BRASILEIRÃO: 1 X 0 NA FINALÍSSIMA É A PREFERÊNCIA DOS CAMPEÕES

Antes de começar a “era dos pontos corridos”, em 2003, quando o Cruzeiro foi o campeão, “sacramentando” a conquista, com 2 x 1 , sobre o paraense Paysandu, no Mineirão, o Campeonato Brasileiro de Futebol, iniciado em 1971 e sempre decidido por fórmulas variadas, teve o placar de 1 x 0 como o mais presente na partida que valeu a taça de campeão. Foram nove repetecos, contra oito 0 x 0.

O 1 x 0 começou já na primeira finalíssima, com Dario cabeceando e o Atlético-MG vencendo o Botafogo. O primeiro 0 x 0 aconteceu em 1973, entre Palmeiras e São Paulo, com o Verdão se dando bem. Dois anos depois, nova cabeçada – do zagueiro chileno Figueroa – fez o Internacional bater o Cruzeiro e colocar as faixas.

Em 1977, quem se deu melhor no 0 x 0 foi o São Paulo, diante do Atlético-MG, que havia feito a melhor campanha. Ganhou na decisão por pênaltis. Em 78, o garoto Careca fez o gol e o Guarani tirou o título dos palmeirenses. O placar se repetiu, em 1981, com Baltazar matando a bola no peito e pegando, de primeira, para o Grêmio sapecar 1 x 0 pra cima do São Paulo. Um ano depois, o mesmo resultado derrubava os gremistas. Nunes marcava e o Flamengo levava a taça.

Em 1984, a finalíssima voltou a ser 0 x 0, entre Fluminense e Vasco. Festa tricolor. Em 87, novo 1 x 0 flameguista sobre um time gaúcho, daquela vez o Internacional. Bebeto fez o gol. Como a Confederação Brasileira de Futebol não reconheceu a decisão, porque Fla e Inter se recusaram a participar de um cruzamento, com Sport Recife e Guarani, de Campinas, estes fizera outra finalíssima, e deu o time pernambucano, também, por 1 x 0 e gol de Marco Antônio.

Em 1988, o Bahia segurou o Internacional, com 0 x 0, no Beira-Rio, e foi o campeão. Em 89, um gol de Sorato, de cabeça, complementando cruzamento feito pelo lateral-direito Luis Carlos Winck, tirou a taça do Morumbi e a mandou para São Januário.

No início das disputas da década-90, 1 x 0, com gol de Tupãzinho, foi o placar do primeiro título corintiano, diante do São Paulo, que ficou no 0 x 0 da finalíssima seguinte, a de 1991, contra o também paulista Bragantino.

Nas três últimas disputas antes de uma nova era, Vasco e Palmeiras ficaram no 0 x 0 na final de 1997, mesmo resultado de Corinthians e Atlético-MG, em 99. Em 2001, Alex Mineiro balançou a rede do São Caetano e o Atlético-PR foi o primeirão. Assim, sem pontos corridos, o 1 x 0 vence o 0 x 0, por 9 x 8.

Quanto ao gaúcho Grêmio, que enfrentará o Flamengo (64 pontos), hoje, no Maracanã, a sua atuação interessa a Internacional (62), Palmeiras (62) e São Paulo (62). O Tricolor dos Pampas já esteve em três finalíssimas de Brasileiros: em 1981, venceu o São Paulo, por 1 x 0, fora; em 1982, perdeu, para o Flamengo, em casa, pelo mesmo placar, e, em 1996, sem seu reduto, fez 2 x 0 sobre a Portuguesa de Desportos.

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

NOVEMBRO DE 1963: SANTOS, BI MUNDIAL

Há 46 anos, numa noite, no Maracanã, o Santos Futebol Clube conquistava o seu segundo título intercontinental, vencendo o italiano Milan, por 1 x 0, com o gol marcado pelo lateral-esqerdo Dalmo, cobrando pênalti.

Para chegar à sua maior conquista, os santistas precisaram devolver, na noite chuvosa de 14 de novembro, também na casa carioca, os mesmos 4 x 2 sofridos ante os “rossoneros”, em 16 de outubro, no estádio San Siro, em Milão.

O Milan era um timaço. Seguramente, o melhor da Europa. Naquele segundo jogo, os 132.728 espectadores ficaram incrédulos, assistindo aos italianos abrirem 2 x 0 de frente, com 18 minutos de bola rolando – aos 13, Amarildo driblou Lima, cruzou, da esquerda, Mazzola passou entre Mauro e Haroldo, para cabecear e marcar. Aos 18, Maldini lançou e Mazzola penetrou, pelo meio da defesa santista, para fazer mais um. No entanto, mesmo sem o contundido Pelé, substituído por Almir “Pernambuiquinho”, o Peixe virou o placar, a partir do quarto minuto do segundo tempo, quando Pepe cobrou uma falta, da intermediária. O goleiro Ghezzi nem vira a bola passar, de tão forte que fora o chute.

Quatro minutos depois, debaixo de muita chuva, Dalmo cobrou falta, para a área. O meia Mengálvio cabeceou e empatou: 2 x 2. Aos 16, o meia Lima, em jogada individual, virou o placar, para 3 x 2. Aos 21, novamente, cobrando falta, Pepe devolveu a “fatura”. Agora, era 4 x 2 lá e cá.

O Santos venceu com: Gilmar; Ismael, Mauro, Haroldo e Dalmo; Lima e Mengálvio; Dorval, Coutinho, Almir e Pepe. O Milan foi: Ghezzi; David, Trebbi, Trapattoni e Belagali; Maldini e Rivera; Mora, Lodeti, Mazola e Amarildo. A renda de Cr$ 98.075. 500,00 cruzeiros e a arbitragem de Juan Brozzi, auxiliado por Norberto Coerezza e Roberto Goycochéa, todos argentinos.

Para catimbar a decisão, os milaneses entregaram um ofício de protesto à Fifa, alegando que Juan Brozzi havia sido um péssimo árbitro. Inclusive, ameaçaram não disputar a terceira partida, caso ele não fosse trocado. Mas a entidade, que promovia, pela última vez, oficialmente, uma disputa entre o campeão sul-americano e o europeu, não aceitou a pressão.

Veio, então, a noite do 16 de novembro e o Santos balançou a rede, aos 29 minutos do primeiro tempo. No lance do pênalti, Maldini havia acertado um pontapé, no queixo de Almir, gerando dez minutos de uma tremenda confusão, pois os italianos não concordavam com a marcação da falta. Durante as escaramuças, Maldini tentou agradir Juan Brozzi, foi expulso de campo, e os colegas ameaçaram abandonar o gramado. A penalidade, porém, foi cobrada. Dalmo balançou o corpo e chutou, para o canto esquerdo defendido por Balzarini, que até pulou certo, mas não deu para defender. Mais tarde, Ismael acertou uma cabeçada, em Amarildo, e, também, foi expulso.

Na realidade, Juan Brozzi – auxiliado por Praddaude e Goycochéa – foi o grande responsável pela violência em campo, deixando o jogo correr solto. Num dos lances do primeiro tempo, por exemplo, Almir chegou a chutar a cabeça de Balzarini. Em seu livro, “Eu e o Futebol”, o então santista garante que a bola estava mais para ele e que não tivera a intenção de atingr o adversário, que ficou sangrando e teve a cabeça enfaixada. Terminou substituído, na etapa final.

O Santos foi bi, mantendo o time da partida anterior: Gilmar; Ismael, Haroldo, Mauro e Dalmo; Lima e Mengálvio; Dorval, Coutinho, Almir e Pepe. O Milan teve: Balzarini (Barluzzi); Maldini, Belagali, Benitez, Trapattoni e Trebbi; Lodetti e Amarildo; Mora, Mazzola e Fortunato. O jogo rendeu Cr$ 91.546.000,00 e foi assistido por 120.421 pagantes.

DEZEMBRO DE 1963: MAIOR PÚBLICO NO MARACANÃ

Fala-se que a decisão da Copa do Mundo de 1950 levou mais de 2000 mil espectadores ao hoje Estádio Mário Filho, para ver o Brasil perder, por 2 x 1, do Uruguai. Isso nunca se terá certeza. Certo mesmo é que o maior público registrado naquela casa foi em Brasil 1 x 0 Paraguai, pelas Eliminatórias do Mundial de 1970. Na partida, disputada em 31 de agosto de 1969, comprovadamente, 183.341 mil pessoas passaram pelas roletas do estádio.

No entanto, em jogos entre clubes, o maior público continua sendo o de 15 de dezembro de 1963, quando Flamengo e Fluminense disputaram a final do Campeonato Carioca, empataram, por 0 x 0, e o título ficou com os rubro-negros, ante as vistas de 177.020 pagantes.

Tudo leva a crer que a grande afluência de torcedores naquele tarde de domingo se deva, principalmente, ao fato de a torcida do Flamengo estar motivada pelo fato de poder comemorar o título com um empate, além de lavar a alma, pela derrota – por 0 x 3, para o Botafogo – na final carioca de 1962. Isso, evidentemente, além da grande expectativa da, também, grande torcida do Fluminense.

Naquele ano, o campeonato teve 13 clubes, jogos de todos contra todos, turno e returno. Na decisão, o nome do jogo foi o goleiro flamenguista, Marcial, de 22 anos. Pegou tudo. Revelado pelo Atlético-MG e titular da Seleção Mineira, campeã brasileira do mesmo 1963, Marcial calou a torcida tricolor, quando o ponteiro-esquerdo Escurinho, ao final da partida, deu um chute que fez a sua galera levantar para comemorar. Marcial foi lá buscar a bola, mantendo o placar em branco, que o Flamengo, do técnico Flávio Costa, segurava.

O Fla-Flu de maior público no Maracanã foi apitado por Cláudio Magalhães e os dois times jogaram assim: Flamengo: Marcial: Murilo, Luís Carlos, Ananias e Paulo Henrique; Carlinhos e Nelsinho; Espanhol, Aírton, Geraldo e Osvaldo. Fluminense: Castilho: Carlos Alberto Torres, Procópio, Dario e Altair; Oldair e Joaquinzinho; Edinho, Manuel, Evaldo e Escurinho.

NOVEMBRO DE 1964: O RECOR DE DE GOLS DE PELÉ

Oito gols em um só jogo. Esta foi a maior marca do “Rei do Futebol”. Vítima? O Botafogo, de Ribeirão Preto, pelo Campeonato Paulista.

Naquela temporada, o Santos já havia aplicado outras goleadas, como 8 x 1 sobre a Prudentina, de Presidente Prudente, e 6 x 3 no XV de Novembro, de Piracicaba. Mas passara vexames, também, como sendo goleado, por 5 x 1, pelo Guarani, de Campinas. De sua parte, Pelé, também, dera as suas pisadas na bola, como chutando, para fora, um pênalti, durante o 0 x 0, com a Ferroviária, de Araraquara. Mas rei é rei.

Na partida contra o “Botinha”, na Vila Belmiro, em 20 minutos, o Santos já vencia, por 4 x 0, com três gols “Dele”, que faria, ainda, mais dois, no primeiro tempo, que terminou em 7 x 0 – Pepe e Coutinho marcaram os outros. Na etapa final, Pelé deixou mais três nas redes – Toninho Guerreiro encerrou a festa. Antes daquilo, o recorde de gols paulistas em uma partida era de sete gols, marcados por Araken Patuska e Arthur Friendereich, respectivamente, em Santos 12 x 1 Ypiranga (03.05.1931), e Paulistano 9 x 0 União da Lapa (11.09.1929). Evidentemente, que os 11 x 0 sobre o time de Ribeirão Preto derrubaram o técnico Oswaldo Brandão.

Além de Pelé, outros jogadores marcaram oito gols em um mesmo jogo: Pinheiro, em Atlético Santista 14 x 0 Aliança, em 05.07.1919; Jango, em Pernambuco 15 x Paraíba, em 11.10.1939, e Jorge Mendonça, em Náutico 8 x Santo Amaro, em 11.08.1974. Houve, também, quem suplantasse o “Rei”, marcando nove gols em uma só partida. Vejamos: Gilbert Hime, em 20.05.1909, em Botafogo 24 x 0 Mangueira; Brás, em 02.07.1919, em São Cristóvão 11 x 1 Mangueira; Jairo, em 05.08.1933, em América-MG 12 x 1 Palmeiras-BH; Danzi, em 16.06.1938, em Sport Recife 16 x o Flamengo-PE, e Dalmar, em 20.11.1966, em Cruzeiro 10 x 0 Renascença.

Com 10 gols, tivemos: Tará, em 01.07.1945, em Náutico 21 x 0 Flamengo-PE; Caio Mário, em 28.10.1945, em CSA 22 x 0 Esporte-AL, e Dario, em 06.04.1976, em Sport Recife 14 x 0 Santo Amaro.

1977: O MAIOR PÚBLICO DO PACAEMBU

Se o Maracanã, no Rio de Janeiro, já recebeu 177.020 pagantes em um jogo entre clubes – Fla 0 X 0 Flu, em 15.12.1963 – e 174.770 – Fla 3 x 1 Vasco, em 4.4.1976, ambos pelo Campeonato Carioca –, o Pacaembu, inaugurado em 28 de abril de 1940 e maior estádio paulista, até o surgimento do Morumbi, em 02.10.1960, está longe disso. Seu público máximo foi de 68.327 pagantes, num empate, por 1 x 1, entre Santos e Palmeiras, em 1977.

No entanto, há quem considere mais relevante o público do jogo São Paulo 3 x 3 Corinthians, em 24 de maio de 1942, marcando a estreia do goleador Leônidas da Silva no time tricolor paulista. Naquele dia, 63.281 torcedores compraram ingressos, mas os almanaque de São Paulo e Corinthians informam que 70.281 presentes estiveram no estádio – no qual o atacante nada apresentou, rigorosamente marcado pelo alvinegro Brandão, levando o jornal “A Hora” a dizer que “o Flamengo vendera um bonde aos paulistas, por 200 contos de reis”.

A transferência de clube, do “Diamante Negro”, fora o maior acontecimento do ano, em São Paulo, levando 10 mil torcedores a recepcioná-lo, na Estação do Braz, de onde o carregaram, nos ombros, até a sede do clube. Na sua estreia, válida pelo Campeonato Paulista – jogo 241 da história são-paulina –, os corintianos estreavam o atacante Hércules e abriram o placar, por intermédio de Jerônimo, Lola empatou, no primeiro tempo. Na etapa final, Servílio colocou o Timão na frente, novamente; Luizinho voltou a empatar; Teixeirinha virou o marcador, para o São Paulo, e Servílio deu números finais ao clássico, que rendeu 244.414,$000 – mil reis. O antigo real circulou até 31 de outubro de 1942. Em novembro, a moeda passou a ser o cruzeiro.

O São Paulo, do técnico Conrado Ross, formou com: Doutor; Fiorotti e Virgílio; Silva, Lola e Zaclis; Luizinho, Waldemar, Leônidas. Teixeirinha e Pardal. O Corinthians, que fazia o seu jogo de número 787, treinado pelo técnico Rato, foi: Joel; Agostinho e Chico Preto; Jango, Brandão e Dino; Jerônimo, Milani, Servílio, Eduardinho e Hércules.

Em Santos 1 x 1 Palmeiras, de 1977, o Pacaembu, cujo nome oficial é Estádio Municipal Paulo Machado de Carvalho, já havia passado por reformas que elevaram a sua capacidade. A partida valeu pelo Campeonato Brasileiro e, segundo a revista “Placar”, de número 399, mais de 70 mil pessoas estavam na casa, assistindo ao confronto válido pelo Grupo H do Brasileiro, que incluía, ainda, Goytacaz, de Campos-RJ, Bahia e Portuguesa de Desportos. Matematicamente, Palmeiras e Bahia já estavam classificados à próxima fase, enquanto o Santos brigava, com os campistas, pela outra vaga – a Lusa já estava eliminada.

Embora o Santos estivesse mais aceso, o Palmeiras virou o primeiro tempo, vencendo, por 1 x 0, com o gol marcado, por Jorge Mendonça, aos 43 minutos. Como o resultado era bom, o “Verdão” tentou segurá-lo, mas o “Peixe” igualou o placar, aos 17 da etapa final, por intermédio de Toinzinhoa, aproveitando-se de uma falha da linha de impedimento palmeirense.

O carioca Luís Carlos Félix apitou o clássico que arrecadou Cr$ 2.018.220,00 (cruzeiros). O Palmeiras, treinado pro Jorge Vieira, foi: Leão; Rosemiro, Jair Gonçalves, Beto e Vacaria; Pires, Zé Mário e Jorge Mendonça; Edu, Toninho e Macedo (Adriano). O Santos, de Chico Formiga, teve: Ricardo: Nélson, Joãozinho, Fernando e Gilberto “Sorriso”; Carlos Roberto, Aílton Lira e De Rosis (Juari); Nilton Batata, Toinzinho e João Paulo (Bianchi).

1979: TEMPORADA CARIOCA COM DOIS CAMPEONATOS

No ano em que o futebol do Rio de Janeiro chegava aos 90 anos, por causa da então Confederação Brasileira de Desportos (CBD) – só abandonaria as demais modalidades, ficando, apenas, com o futebol, a partir de 17 de dezembro, quando tornou-se Confederação Brasileira de Futebol (CBF) –, os clubes cariocas disputaram dois campeonatos, durante a temporada de 1979.

Como a CBD demorava a definir o seu calendário, a Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro (FERJ), iniciou o dela logo em fevereiro, para evitar prejuízos financeiros para os seus filiados, além de evitar qualquer choque de datas com o Campeonato Brasileiro.

O primeiro campeonato, chamado de “Especial”, começou em 08.02.79 e foi até 24.04.79, disputado por 10 times – América, Botafogo, Flamengo, Fluminense, São Cristóvão e Vasco (cariocas), além de Americano e Goytacaz, de Campos, Volta Redonda e o Fluminense, de Nova Friburgo. O Flamengo venceu os dois turnos e foi o campeão estadual, invicto, fato inédito na “Era-Maracanã”. Também, foi o seu primeiro título invicto na era do profissionalismo.

O segundo campeonato teve 18 times – além dos que disputaram o “Especial”, entraram, ainda, ADN (Associação Desportiva Niterói), Bangu, Madureira, Olaria e Portuguesa – e um regulamento complicado. No primeiro turno, jogaram todos contra todos. Ao final da etapa, ADN, Bangu, Fluminense, de Nova Friburgo, Madureira, Olaria, São Cristóvão e Volta Redonda,os últimos colocados, tiveram de jogar uma nova fase classificatória.

No returno, com oito equipes, jogaram, também, todos contra todos. E o terceiro incluiu Bangu e Portuguesa, vencedores da “repescagem”, em mais um todos contra todos. Embora o regulamento previsse decisão entre os campeões dos três turnos, o Flamengo venceu os três e levou a taça deste Estadual, entre 13.05 e 04.11.1979.

1979: O MAIOR CAMPEONATO DO MUNDO

Em 1979, o Campeonato Brasileiro de Futebol chegou a ter 94 times. Obrigada, pela FIFA, a Confederação Brasileira de Desportos (CBD) abandonou as demais modalidades, ficando só com o futebol, para promover a maior competição do gênero, no planeta, em sua última atuação com a velha sigla – a partir de então, passaria a viver como Confederação Brasileira de Futebol (CBF).

Por aquele tempo, dizia-se: “Onde a ARENA–Aliança Renovadora Nacional vai mal, um time no Nacional. E foi assm que, para angariar votos para o partido de sustentação ao regime militar, que o almirante Heleno Nunes, presidente da CBD saiu distribuindo convites a clubes que, muitas vezes, eram muito mais times, casos de Guará (DF), Colatina (ES), Campo Grande (RJ), Caldense (MG), Leônico e Fluminense de Feira (BA), ASA, de Arapiraca (AL), Anapolina e Itumbiara (GO), Itabaiana (SE), Francana, São Bento e XV de Piracicaba (SP), Caxias, Novo Hamburgo e Brasil, de Pelotas (RS), Londrina (PR), Potiguara (RN) e Joinville e Chapecoense (SC), entre outros.

Na primeira fase, 80 times foram divididos em turno único, dentro de grupos – dois deles, G eo H reunia os mais fortes –, classificando-se oito para a fase seguinte. Nas demais chaves, quatro iam adiante, além dos quatro melhores, entre os não classificados.

Na segunda fase, entraram mais 12 times – 6 cariocas e 6 paulistas –, que se juntaram aos 44 classificados e formaram sete grupos de oito clubes, cada. Os dois primeiros colocados foram para a terceira fase. Nesta, além de 14 equipes saídas da fase anterior, entraram Guarani, de Campinas, o campeão de 1978, e o Palmeiras, o vice. Então os 16 foram divididos em quatro grupos de quatro, só com os primeiros chegando às semifinais. Aí, dividiram os times em duas duplas, com jogos de ida-e-volta, classificando para a final o vencedor de cada dupla na soma de placares. A final teve jogos de ida e e volta, e o Internqacional tornou-se o primeikro campeão invicto do Brasileirão, vencendoo Vasco, na decisão.

TELÊ: 40 ANOS DO PRIMEIRO TÍTULO COMO TREINADOR

Um dos mais importantes treinadores do futebol brasileiro, Telê Santana estreou na divisão principal já conquistando o título de campeão carioca de 1969, pelo Fluminense. Um ano antes, havia sido campeão com os juvenis, o que motivou a sua promoção à divisão principal.

Disciplinador, Telê exigia profissionalismo, acima de tudo, dos seus jogadores, dentro e fora de campo. Por isso, conquistou 11 títulos na carreira, com destaque para o primeiro Campeonato Brasileiro, em 1971, com o Atlético-MG, duas Taças Libertadores e dois Mundiais Interclubes, pelo São Paulo, um decidido contra o espanhol Barcelona e o outro pelo italiano Milan.

Telê foi o formador do time tricolor campeão do Torneio Roberto Gomes Pedrosa de 1970, embrião do atual Brasileiro. Por ironia do destino, o Flu decidira com o Atlético-MG, que ele dirigia e conquistara o seu primeiro título estadual na era-Mineirão.

Pela Seleção Brasileira, Telê Santana comandou os “canarinhos”, de 1982 a 86, protagonizando uma das maiores injustiça das Copas do Mundo, ao ser eliminado, pela Itália, em 1982, quando tinha o time que jogava mais bonito, que dava espetáculos. Em 86, caiu numa decisão por pênaltis, contra os franceses, novamente, quando se aproximava do título.

Como atleta, Telê começou no Itabirense-MG, de sua terra, passando, depois, pelo América, de São João Del-

Rei, de onde pulou, para o juvenil Fluminense, clube no qual se consagrou, a partir de 1951, como profissional. Marcou 162 gols, em 557 partidas, sendo o terceiro que mais vestiu a camisa tricolor. No currículo, teve os títulos de campeão carioca de 1951; da Taça Rio de 1952 – disputa internacional – e do Torneio Rio-São Paulo de 1957. Seu aopelido era “Fio de Esperança”.

19 DE NOVEMBRO DE 2009: 40 ANOS DO GOL MIL DE PELÉ

Brasília estava parada, apartir das 21h, à espera de assistir, pelas telas, em preto e branco, do o Canal 6, a TV Brasília, Pelé marcar o seu milésimo gol. Eram 23h11, no Maracanã, quando o camisa 10 do Santos correu para a bola, de marca Drible, e a chutou, para o canto esquerdo das balizas defendidas pelo goleiro argentino Edgar Norberto Andrada.

A partida valia pelo “Robertão”, o Torneio Roberto Gomes Pedrosa, embrião do atual Campeonato Brasileiro, e o Santos empatava, por 1 x 1, com o Vasco da Gama, um time sem brilho, na época e que abrira o placar, aos 17 minutos do primeiro tempo, por intermédio do meia Benetti.

Eram jogados 33 minutos do segundo tempo, quando Pelé partiu para dentro da área vascaína, com a bola dominada. Os zagueiros Renê e Fernando lhe deram combate e, ao ver o atacante caído no gramado, o árbitro pernambucano Manoel Amaro de Lima marcou o pênalti, que Renê jura que não o fez, garantindo não ter tocado um dedo em “Sua Majestade, o Camisa 10” – Renê, no entanto, fizera um gol contra.

Depois de esperar que os fotógrafos escolherem o melhor ângulo para eternizar aquele momento – os demais atletas santistas se colocaram no meio do campo –, Pelé atendeu os gritos de “Pelé, Pelé”, dos torcedores que pediam para ele cobrar o pênalti, e correu para a bola. De nada adiantou o lateral-direito vascaíno Fidélis fazer buracos na marca do pênalti. Com o pé direito, o “Rei” transformou aquela noite na mais importante do ano, para os brasileiros, até "maior" do que a da descida do homem na Lua, três meses antes.

Marcado o gol, Pelé apanhou a bola no fundo das redes e a beijou. Rapidamente, o roupeiro vascaíno Chico o vestiu com uma camisa, do seu clube, com o número mil às costas. O goleiro Agnaldo o colocou nos ombros – Pelé tinha a pelota sempre levantada para o alto –, e com ele deu uma volta olímpica pelo Maracanã, com a partida paralisada, fato inédito na história do futebol. “Naquele dia, eu enfrentei o mundo. Em campo, não dava para escutar nem a respiração dos torcedores. Até a torcida do Vasco torceu contra mim”, declarou Andrade, tempos depois. De sua parte, Pelé confessou, também, muito depois, que tremeu, daquele vez: “O jogo parado, o estádio inteiro calado. Eu, a bola e o Andrada. Naquela hora tive um terrível medo de falhar. Fiquei nervoso. Sabia que todos esperavam o gol. Pouca gente viu, mas fiz o sinal da cruz antes de cobrar o pênalti”.

De volta ao chão, ao se ver diante de um “mar de microfones”, Pelé pediu: “Pensem no Natal. Pensem nas criancinhas”. Antes, dissera ao repórter Geraldo Blota, da Rádio Gazeta, o primeiro a ouví-lo: “Dedico este gol às criancinhas do Brasil”.

POLÊMICAS – Tema rico para discussões, houve quem levantasse que o verdadeiro milésimo gol de Pelé fora marcado no dia 4 de fevereiro de 1970, nos 7 x 0 santistas, sobre o América, do México. Nesse ponto, a colocação foi a de ter sido o “gol-mil” do atleta, como profissional. Um dos maiores historiadores do futebol brasileiro, Thomaz Mazzoni, sustentou que o tento histórico teria acontecido nos 4 x 0, sobre o Santa Cruz, em Recife, dias antes do jogo contra o Vasco. Mazonni computava um gol de Pelé, pela seleção brasileira militar, no Sul-Americano das Forças Armadas, em 1959, quando o placar fora 4 x 1, e, não, 4 x 3, com Pelé marcando um, além de a partida ter sido em 18.11.59, e, não, em 5.11.59.

Em 1995, a Folha de São Paulo recontou os gols do artilheiro santista e afirmou que o milésimo teria sido contra o Botafogo, da Paraíba, num amistoso, em João Pessoa, no dia 14 de novembro, na inauguração do Estádio Governador José Américo de Almeida. Por sinal, também, de pênalti, aos 23 minutos do segundo tempo. A polêmica só terminou com uma reportagem, de Celso Unzelte, para a revistas Placar, comprovando que um gol atribuído a Pelé, em 1965, pela seleção brasileira, contra a então Tehcoeslováquia, na verdade, fora marcado por Coutinho. Assim, o festejado feito voltou a ser “gol mil”.

FICHA TÉCNICA

Vasco 1 x 2 Santos

Vasco

Andrada; Fidélis, Moacir, Fernando e Eberval; Renê, Bougleux e Acelino (Raimundinho) e Adílson; Benetti e Danilo Menezes (Silvinho).

Santos

Agnaldo; Carlos Alberto Torres, Ramos Delgado, Djalma Dias (Joel Camargo) e Rildo; Clodoaldo, Lima, Manoel Maria e Edu; Pelé (Jair Bala e Abel.

Local: Maracanã. Árbitro: Manoel Amaro de Lima (PE).

Gols: Benetti; Renê (contra) e Pelé. Público: 65.157 pagantes e cerca de 100 mil presentes. Renda: NCr$ 253.275,25.

AS HONRARIAS DO REI DO FUTEBOL - A data 19 de novembro é dedicada ao “Rei do Futebol”, como “Dia Pelé”, instituído, pela prefeitura de Santos, em 1995, para coincidir com a da marcação do milésimo gol. Outras honrarias concedidas ao ex-atleta são:

Atleta do Século - Pelo Comitê Olímpico Internacional-1999.

Profissional que Transformou o Futebol - Pela revista Sports Illustrated, dos EUA.

Maior Futebolista do Século - Pela UNICEF-1999.

Atleta do Século - Pela agência de notícias Reuters-1999.

Cavaleiro Honorário do Império Britânico-1997 - Pela Rainha Elizabeth II.

Atleta do Século-1996 - Pelo Grupo DuPont, da França.

Medalha dos Direitos Humanos-1995 - Pela organização judaica B´nai B´rith, devido o trabalho contra o preconceito racial.

Embaixador para a Educação, Ciência e Cultura-1994 - Pela Unesco.

Cruz da Ordem da República Húngara-1994 - Pelo governo da Hungria, é a mais alta condecoração do país.

Membro do Hall da Fama-1993 - Pela cidade de Oneonta, Estado de Nova York, EUA.

Embaixador da Boa Vontade- 1993 - Pela Unesco.

Embaixador da Organização para Ecologia e Meio Ambiente –Pela ONU, em 1992.

Rua Pelé- 1992 - Em Montevidéu, no Uruguai, inaugurada com a presença do presidente da República Luis Alberto Lacalle.

Ordem Nacional do Mérito-1991 - Pelo governo brasileiro.

Praça Pelé-1984 - Em Los Angeles, nos EUA.

Ordem do Mérito Desportivo Sul-Americano-1985 - Pela Confederação Sul-Americana de Futebol (Conmebol) , em seu aniversário de 75 anos.

Ordem da FIFA-1984 - Pela FIFA, que comemorava 80 anos.

Prêmio aos Valores Humanos-1983 - Pela prefeitura de Nova York.

Estátua na Índia-1983 - Em Durgapur, Estado de Bengala.

Grande Marechal da Hispanidade - Concedido pelas associações hispânicas de Nova York, com direito a desfile em carro aberto pelas ruas (1981).

Atleta do Século - Pelo jornal francês L´Equipe, depois de eleições junto a jornalistas de todo o mundo. O anúncio foi no final de 1980 e o prêmio entregue, em Paris, em 1981.

Comenda da Ordem dos Campeões - Concedido pela Organização da Juventude Católica, em Nova York, em 1978.

Grã-Cruz do Mérito Desportivo - Concedido pelo governo brasileiro, em 1977.

Diploma de Mérito de Cidadão do Mundo - Pela Unicef, em solenidade na sede da ONU, em Nova York, em 1977.

Cidadão de Nova Jersey - Pela prefeitura da cidade norte-americana. O prefeito oficializou o dia 1º de outubro como “Dia Pelé”, para marcar a despedida dos gramados do “Rei do Futebol”, em 1977.

Cidadão Honorífico de Los Angeles - Pela prefeitura da cidade norte-americana, em 1977.

Cidadão de Bauru - Pela Câmara de Vereadores da cidade, em 1975.

Estádio Pelé – Inaugurado, em Teerã, capital iraniana. O Deyhim Esporte Clube, time local, mudou seu nome, para Pelé Esporte Clube, em 1971.

Estátua Rei Pelé – Inaugurada, em Três Corações, cidade natal do “Rei”, com a presença dele e dos embaixadores da Suécia, do Chile e do México, em 1971.

Prêmio da Academia Francesa de Esportes – Concedido, pela primeira vez, a um atleta de esportes coletivos, em 1971.

Medalha Vermelha de Paris - Pela prefeitura de Paris, em 1971.

Bola de Prata - Pela revista Placar, que entregou-lhe o troféu e o considerou hours-concours da promoção anual, em 1970.

Bola de Ouro – Pela revista Placar, como hours-concours da promoção anual, em 1983.

Filho Predileto da Cidade de Guadalajara - Pela prefeitura da cidade mexicana, em 1970.

Estádio Rei Pelé – Inaugurado, em Maceió, Alagoas, em 1970.

Comendador da Ordem do Rio Branco – Pelo governo brasileiro, após a marcação do milésimo gol, em 1969.

Cavaleiro da Ordem do Rio Branco - Pelo governo brasileiro, em 1967.

Espada de Honra do Futebol - Pelo Anuário do Futebol da Inglaterra. A espada foi confeccionada à mão pelos armeiros da rainha Elizabeth. Foi o primeiro não-britânico condecorado, em 1966.

Cavaleiro da Legião de Honra da França - Pelo governo francês, em 1963.

TÍTULOS DE PELÉ PELA SELEÇÃO BRASILEIRA

Campeão mundial-1958,1962 e 1970.

Campeão da Copa Rocca-1957 e 1963.

Campeão da Copa Oswaldo Cruz-1958, 1962 e 1968.

Campeão da Copa Bernardo O´Higgins-1959.

Campeão da Taça do Atlântico-1960.

TÍTULOS PELO SANTOS FUTEBOL CLUBE:

Campeonato Paulista-1958/60/61/62/64/65/67/68/69/73

Torneio Rio-São Paulo-1959/63/64/66.

Taça Brasil/ Robertão-1961/62/63/64/65/68.

Taça Libertadores da América-1962/63.

Mundial Interclubes-1962/63.

Torneio Tereza Herrera-1959.

Torneio Pentagonal do México-1959.

Torneio de Valência-1959.

Torneio Dolutor Mario Echandi-1959.

Torneio Giallorosso-1960.

Torneio Quadrangular de Lima-1960.

Torneio de Paris-1960/1961.

Torneio Itália-1961.

Torneio Internacional da Costa Rica-1961

Torneio Pentagonal de Guadalajara-1961.

Taça das Américas-1963

Torneio Internacional da Venezuela-1965.

Torneio Quadrangular de Buenos Aires-1965.

Torneio Hexagonal do Chile-1965 e 1970.

Torneio Internacional de Nova York-1966.

Torneio Pentagonal de Buenos Aires-1968

Torneio Octogonal do Chile-1968.

Torneio da Amazônia-1968.

Torneio Quadrangular Roma-Florença-1968.

Torneio de Cuiabá-1969.

Taça Cidade de São Paulo-1970.

Torneio de Kingston-1971.

Torneio Laudo Natel-1974.

TÍTULO PELA SELEÇÃO PAULISTA

Brasileiro de Seleções-1959

PELA SELEÇÃO DAS FORÇAS ARMADAS BRASILEIRAS

Sul-Americano Militar-1959

PELO COSMOS (EUA)- Campeão Norte-Americano-1977.

MARCAS IMPORTANTES NA CARREIRA

Mais jovem artilheiro do Campeonato Paulista. Em 1957, pelo Santos, quando fez 17 anos, durante a competição.

Mais jovem campeão mundial, em 1958, aos 17 anos.

Mais jovem bicampeão mundial, em 1962, aos 21 anos.

Maior artilheiro em uma temporada, em 1959, com 127 gols.

Maior artilheiro da Seleção Brasileira, com 95 gols.

Maior artilheiro do futebol profissional, com 1.281 gols.

Maior transação do futebol, até o fim dos anos 70. Em 1975, foi para o Cosmos, por US$ 7 milhões.

Onze vezes artilheiro do Campeonato Paulista: 1957, 17 gols; 1958, 58; 1959, 45; 1960, 33; 1961, 47; 1962, 37; 1963, 22; 1964, 34; 1965, 49; 1969, 26; 1973, 11 gols.

Nove vezes, consecutivas, artilheiro do Campeonato Paulista, de 1957 a 1965.

Maior número de gols, 58, em um único campeonato, o Paulistão de 1958. Abaixo só aparece ele próprio, com 49 gols em 1965.

Artilheiro da Copa América, com 8 gols, em 1959.

Artilheiro do Campeonato Brasileiro das Forças Armadas, com 11 gols, em 1959, pela Seleção da 6ª Guarda Costeira.

Artilheiro das Taças Brasil, de 1961 e de 63, respectivamente, com 9 e 12 gols.

Artilheiro do Torneio Rio-São Paulo, em: 1961, 7 gols; 1963, 15; 1964, 3; 1965, 7.

Artilheiro do Mundial interclubes de 1962, com 3 gols.

Artilheiro da Taça Libertadores da América de 1963, com 11 gols.

Por um só clube, o Santos, 1.091 gols. Pelé ficou 6.662 dias como atleta do clube.

Contra um mesmo clube, o Corinthians, 49 gols marcados, entre 1957 e 1974.

Entre 1975 e 1977, 65 gols, em 111 jogos pelo Cosmos, de Nova York.

Total de 32 títulos de campeão, uma média de 1,5 por ano.

Mais 23 títulos de campeão de torneios não-oficiais, o que sobe a média para 2,6 por ano.

37 pontos conquistados em Copas do Mundo.

14 jogos com 12 vitórias, 1 empate e 1 derrota; 12 gols; 0,8 média de gols em Copas do Mundo.

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

23 DE OUTUBRO DE 2009: PELÉ 69 ANOS


Pelé chega aos 69 anos de idade, com o seu reinado intocável, sempre em expansão e como o seu mito a caminho da eternidade. Ele é adorado e odiado, despertando discussões intermináveis e, em muitos casos, paixões. Enfim, é o maior do seu mundo redondo, onde, perto dele, tudo balança, inclusive corações.


Pelé, o Atleta do Século 20

Pelé é o único rei aceito por todos os povos, com reinado sem fronteiras. Impressionante! Há tempos em que ele não passeia mais pelos terrenos que lhe deram majestade, mas seu carisma nas vésperas de ficar setentão ainda é o mesmo dos tempos em que era menino e a bola se tornava sua cúmplice.

Porque o reinado de Pelé tem vida tão longa? Explicam os astrólogos: o mapa astral dele mostra que, quando nasceu, em 23 de outubro de 1940, na mineira Três Corações, o sol estava abandonando libra e ingressando em escorpião. De sua parte, a lua habitava seu próprio domicílio, câncer, assegurando contato com o povo. Pelé não poderia saber, mas, ao sair da barriga de Celeste do Nascimento, o planeta netuno fazia conjunção com o signo de virgem, enquanto saturno, júpiter e urano o faziam com touro. São aspectos que marcam pessoas nascidas com uma capacidade especial, tendo em vista que os planetas citados acima são signos da terra, que é redonda, razão especial para Pelé viver sempre com a “bola cheia”.

Pelé só passa por “bola furada” quando tentam desqualificar o seu caráter. Exemplo: quando marcou o seu milésimo gol – 19.11.1969, em Santos 2 x 1 Vasco, no Maracanã –, dedicou o feito às crianças, pedindo a povo e governo para salvarem os meninos de rua, sem chances de progredir na sociedade. Acusaram-no de demagogo.

Momentos antes de “executar” o goleiro vascaíno Andrada, Pelé pensara em dedicar o gol à sua mãe, aniversariante, no dia seguinte. No entanto, após o tento, vendo tantas comemorações, no gramado, lhe viera à mente o seu tempo de molecote, na paulista Bauru, onde muitos garotos que jogaram bola com ele, pelas ruas, se perderam pela vida, por falta de orientação. Fortes lembranças, que faziam Pelé chorar, quando ia para os estádios e, de dentro dos ônibus que conduziam o time do Santos, pela janela, ele enxergava crianças abandonadas pelo caminho.

Se Pelé podia ter um lar estruturado, viver em concentrações confortáveis e hospedar-se em hoteis luxuosos, ele não admitia que os meninos de rua não pudessem ter direito a uma vida digna. Por isso, ficou magoado, ao ser taxado de demagogo. Se o seu apelo tivesse sido ouvido, há 40 anos, as crianças que, hoje, assaltam, pelas ruas das cidades, talvez, filhos, daquelas para as quais ele pedira socorro, estariam sendo úteis, em alguma atividade produtiva, e a sociedade tendo um aporte muito menor nos gastos com os presídios.

Pelé já foi acusado,também, de ser um alienado político. E o foi. Mas não consentido. A partir de quando tornou-se ”Rei do Futebol”, nada mais lhe foi permitido, além de jogar, treinar e jogar. Como poderia ler jornais e revistas, e assistir aos poucos canais de TV da época? Se pudesse, havia a censura. Houve muitos jovens politizados, que enfrentaram a ditadura militar. Mas Pelé era, simplesmente, uma minha de dinheiro,e o Santos o submetia à exaustão, nos gramados.

Quando passou a conviver com pessoas politizadas e tomou conhecimento do que se passava no Brasil, Pelé adotou a postura política que se cobrava dele. Defendeu eleições diretas para a presidência da república, disse que o nossos eleitor não sabia votar e que sentia vergonha de ser brasileiro, devido a corrupção praticada pelos ocupantes dos nossos cargos públicos. Após deixar o cargo de ministro dos esportes, no governo Fernando Henrique Cardoso, declarou que faria um governo de có-gestão, caso ele fosse o presidente do país.

De vez em quando, acusava-se Pelé de estar vendido a alguma causa. Em 1974, quando recusou participar da Copa do Mundo, disseram que ele estava vendido à Pepsi Cola, porque, bem antes, assinara um contrato de publicidade, com a multinacional norte-americana. Em 1978, já “estava vendido” à ditadura do general Ernesto Geisel, porque divulgava produtos brasileiros no exterior, quando, na verdade, fora empresários brasileiros que o contrataram para tal serviço. Tempos depois, seu “comprador” teria sido a Umbro. O crucificaram, sob a alegação de que a multinacional do ramo de materiais esportivos o mandara defender que a Inglaterra teria mais condições, do que o Brasil, de sediar a Copa do Mundo-2006, que terminou na Alemanha.

Pelé sempre disse que não há dinheiro capaz de fazê-lo perder o seu amor pelo Brasil. Para ele, negar apoio a uma candidatura não significava falta de patriotismo, mas de “transparência na formação da comissão organizadora” – o Brasil retirou a sua candidatura, em favor da África do Sul-2010, em troca de apoio para 2014, e deu certo, para ambos.

DÁDIVA DED DEUS – Já surgiram muitos “Peles”, para ocupar o trono do “Rei do Futebol”. Nesse ponto, a análise do “Camisa 10” bate com o seu mapa astral, ou seja: “há pessoas escolhidas, por Deus, para receber uma graça” – os gênios. Ele não acredita que existirá outro Pelé. Intuir que é o primeiro e único e que lhe foi concedida a graça divina de reinar sobre a bola.

O que mais se identifica com Pelé, depois da bola, é o Maracanã, onde ele pisou, pela primeira vez, aos 16 anos de idade. Era tão menino que assombrou-se com o tamanho do estádio – disputou um torneio internacional, pelo combinado Vasco-Santos, merecendo, no ano seguinte, convocação, para a Seleção Brasileira que disputaria a Copa Roca.

Em sua estréia, como canarinho – 07.07.1957 –, a única preocupação do futuro rei nem era badalar o gol marcado sobre os argentinos, mas fazer os repórteres cariocas pronunciar, corretamente, o seu apelido: Pelé, e não Pelê, pois eles estavam acostumados com Telê (Santana), do Fluminense.

O DEUS DO ESTÁDIO - Foi no Maracanã que Pelé inventou o “gol de placa”, mandou a sua milésima bola na rede e teve uma de suas maiores emoções, ao ouvir o torcedor gritar “Fica, fica”, quando ele se despedia da Seleção, em 1971. Dois anos antes, aquele torcedor já gritara “Pelé! Pelé””, exigindo que ele cobrasse o pênalti que gerou o gol-1000. Foi quando suas pernas tremeram, pela primeira vez. Pelé não entendeu nada, quando os colegas santistas se colocaram no meio do campo e o deixaram, sozinho, na pequena área, para fazer o gol e chorar durante a comemoração.

O Maracanã, no entanto, podia fazer o “Rei do Futebol” chorar de emoção – sentia-se em casa. Os dois eram cúmplices. Um, fã do outro. Tinham segredos que só eles sabiam. Como tirar proveito d suas respectivas grandezas. Sempre 10, também, no preparo físico, Pelé sabia explorar as dimensões do gramado, para “matar o inimigo”. Por exemplo, na despedida de Garrincha, em 1973, marcara um dos gols mais bonitos de sua carreira. Poucas vezes, não atuara bem no “Maraca”.

Pelé só tinha uma queixa do “velho amigo”: a falta de referência para as suas balizas. Se nos pequenos estádios ele podia macomunar-se com um muro, um detalhe num alambrado, uma árvore, etc, no Maracanã, as vezes, sentia dificuldades no rumo do gol. O jeito era bater forte na “gorduchinha”, de fora da área, pois, naquela casa, via tudo muito grande. De quebra, um lamento: contundido, não pudera ter sido campeão mundial interclubes, jogando no Maracanã. Ali, em 1963, o Santos vencera o Milan, com Almir “Pernambuquinho” o substituindo.

Só Pelé seria capaz de ser convidado para marcar o gol que jamais marcara, no estádio onde nunca jogara. Aconteceu no inglês Wembley – antes da demolição –, em 1989, quando ele narrava 12 vídeos, para a série “O Jogo dos Bilhões”. Lembrando-se daquela lacuna no seu currículo, Pelé apanhou a bola, foi até o meio do campo, partiu com ela, em direção ao gol e, ao chegar à meia-lua da grande área, levantou a “parceira”, invadiu a pequena área e estufou as redes, com direito a soco no ar e beijo na “maricota”.

REI DA MULHERADA – Pelé é “bom de jogo”, também, com as mulheres. Em 1980, o país inteiro “namorava” o seu namoro, com a iniciante modelo Xuxa – a deixou, por discordar do eletrizante ritmo que a moça imprimia à sua carreira. Com outra “deusa” da época, Luiza Brunet, não chegou a namorar, mas se não tivesse pedido uma “forcinha” para a mato-grossense, com certeza, a trajetória do sucesso dela demoraria mais.

Depois de separar-se de Rosemary, Pelé circulou, sempre, com mulheres bonitas. Em 19789, foi visto na badalada boate carioca Hipopotamus, com a cantora baiana Gal Costa. No inverno de 1980, aqueceu-se com a modelo Oneida, uma das morenas brasileiras mais bonitas do período. Em 86, circulou com a Miss Brasil, Deise Nunes e encantou a atriz Edna Velho. Em 87, colocava mais uma Miss Brasil no currículo, a catarinense Andréia Reis. Em 89, a terceira, Flávia Cavalcante, que chegara a colocar anel de noivado. No carnaval daquele ano, já saira com a modelo Adriana Eglliot. No mais, namorara a professora (de Educação Física) Eliane Árias e a atriz Simone Carvalho.

Pelé casou-se duas vezes. A primeira, na década-60, com Rosemary Cholby. Depois, em 30 de abril de 1994, com Assíria Lemos, em Recife. No segundo caso, a fé evangélica dela, de quem já se separou em 2008, não chocava com o seu catolicismo, porque ambos louvavam um mesmo deus – deixaram para os filhos, Joshua e Celeste, escolherem seus caminhos religiosos, no futuro.

Bom no jogo, melhor no amor, Pelé, também, já foi “bola murcha”, na cama. Mas, dá-se um desconto. Depois de “matar” os adversários no gramado, chovia mulheres em cima dele. Então, ia para os “lances” esgotado, exausto, as vezes, mandando a bola para a “linha de fundo”.

No caso da filha Sandra – com uma namorada dos tempos de adolescente – , que exigiu, na Justiça, exame de DNA, para comprovar a sua filiação –, Pelé se defende, queixando-se que a moça, em vez de tentar ganhar o seu carinho e a sua confiança, preferira magoá-lo, pela imprensa. Além do mais, sempre alegou que, depois da “rapidinha” com a mãe da moça, jamais a vira e nem ela lhe procurara. Enfim, vida de “Rei” tem de tudo.